Artigo 22 - Materialismo Histórico Dialético
O Materialismo Dialético é uma compreensão
filosófica, baseada em um método científico que defende que o ambiente, o
organismo e os fenômenos físicos, podem modelar tantos os animais irracionais e
racionais, influenciar a sociedade e a cultura, modelando a si mesmo enquanto objetos
da ação social, ou seja, a matéria está em uma relação dialética com o
psicológico e o social.
Este pensamento dialético idealizado
por Marx contrapõe-se ao pensamento dialético idealista imprimido por Hegel, modelo
que também foi fundamentado por outros adeptos do pensamento divino idealizado
por este filosofo. Estes pensadores acreditam que o ambiente e a sociedade, possuem
as suas bases existenciais no mundo das ideias, são criações divinas seguindo
as vontades das divindades ou por outra força sobrenatural.
A Dialética Materialista expressa um necessário e mais elevado patamar de reflexão, com características muito mais libertas e mais concretas do que a dialética idealista, portanto, mostrando-se mais livres das amarras dogmáticas e anticientíficas da concepção teológica do mundo, e mais conforme com os desenvolvimentos intelectuais e científicos proporcionados pela astronomia, biologia, física, química e, especial, com a teoria darwinista de origem do homem.
No século XIX muitos pensadores
alemães identificaram que houve uma forte efetivação da burguesia e agressivas
implantações do capitalismo industrial. Este momento social e laboral na história,
foi observado de perto por Marx e Engels que identificaram mudanças enérgicas e
extremas na engrenagem do sistema social vigente de sua época.
O materialismo histórico apresentado
como uma reflexão e explicação de um sistema social é uma teoria política,
sociológica e econômica desenvolvida por Karl Marx e Friedrich Engels no século
XIX que tem como objeto de estudos a sociedade burguesa.
Os pensadores haviam entendido
que o século XIX, vivente da alta modificação social propiciada pela Revolução
Industrial, possuía uma nova configuração, baseada na força de produção da
burguesia e na exploração da mão de obra da classe trabalhadora por parte da
classe burguesa, que era dona das fábricas e dos meios de produção.
Os sociólogos também entenderam
que sempre houve um movimento histórico de luta de classes na sociedade e que
esse movimento era a essência da humanidade. A teoria de Marx e Engels divergia
do idealismo alemão, principalmente de Hegel, que entendia haver um movimento
intelectual de cada época que influencia as pessoas. Para Marx e Engels, eram
as pessoas que faziam a sua época.
O materialismo histórico e
dialético é o nome estabelecido para a teoria desenvolvida por Marx e Engels
para explica o fenômeno social que surgia em sua época. Marx realizou estudos
econômicos publicados na série de livros O capital, em parceria com Friedrich
Engels, bem como escreveu e teve a publicação póstuma de seus Manuscritos
econômico políticos, em que estudou a organização política da Europa após a
Revolução Industrial.
Marx foi profundamente
influenciado pelo filósofo Georg Wilhelm Friedrich Hegel, que havia formulado
uma teoria dialética baseada na ideia da formação de um espírito de época, que,
segundo seu autor, era uma espécie de ideia metafísica e coletiva que fazia com
que as pessoas vivessem de certo modo e sobre a regras desta natureza divina.
No início, Marx foi adepto dessa
teoria, porém, com o passar do tempo, ele percebeu contradições internas nestas
formulações. Uma delas foi a ideia de imobilidade das classes sociais. Enquanto
a teoria hegeliana admite uma imobilidade metafísica das classes, Marx admitia
ser possível o oposto, havia uma subversão das classes. Tal subversão somente
seria possível por meio de uma revolução.
Para Marx e Engels, há uma
contradição interna no sistema capitalista que faz com que os trabalhadores (os
proletariados), vejam-se como produtores de tudo por meio de sua força de
trabalho, mas excluídos do sistema educativo, de saúde e de segurança. Os
trabalhadores produzem, mas não conseguem acessar aquilo que é deles por direito.
A burguesia, por sua vez, não
trabalha (na ótica marxista, os burgueses apenas administram aquilo que o
proletariado produz), mas desfruta daquilo que rende do trabalho proletário e
ainda tem acesso aos serviços de saúde, educação e segurança. Essa contradição
fez com que Marx e Engels pensassem em uma aplicação prática das ideias
resultantes do materialismo histórico dialético.
Para os teóricos alemães, os
trabalhadores deveriam tomar consciência de classe e perceber que estão sendo
enganados nesse sistema. A partir desta reformulação idealistas, eles deveriam
unir-se e tomar o poder das fábricas das mãos da burguesia e o poder do Estado,
que, segundo Marx e Engels, serve à burguesia.
A revolução do proletariado, como
Marx denominou, seria a primeira fase de um governo que tenderia a chegar ao
seu estado perfeito, o comunismo, uma utopia em que não haveria classes sociais
(como burguesia e proletariado). No entanto, para isso, seria necessário um
governo ditador baseado na força proletária, a ditadura do proletariado.
Durante esse tempo, as classes sociais seriam suprimidas pela estatização total
da propriedade privada.
O materialismo histórico
pretende, inicialmente, romper com qualquer tradição idealista. Para Marx, o
idealismo está apenas no plano ideal e não consegue concretizar nada que de
fato modifique a sociedade. A pretensão de Karl Marx era promover uma revolução
social que subvertesse a ordem vigente de poder da classe dominante sobre a
classe dominada. Nesse sentido, a característica fundamental do entendimento do
materialismo histórico é a mudança social, de modo que o proletariado possa
acessar o poder e estabelecer um governo de uniformidade social.
A teoria marxista entende que a
humanidade define-se por sua produção material, por isso a palavra
“materialismo” no nome de sua teoria. O marxismo também entende que a história
da humanidade é a história da luta de classes, colocando, assim, as classes
sociais como opostas. Nesse sentido, há uma relação dialética entre as classes,
o que confere o termo “dialética” ao nome da teoria marxista, afastando-se de
qualquer sentido dele antes proposto por Hegel ou por Platão.
O materialismo dialético é,
então, o entendimento de que há uma disputa de classes sociais histórica desde
os primórdios da humanidade e que ela está condicionada à produção material
(trabalho e resultado do trabalho) da sociedade. O problema é que, na ótica
marxista, o proletariado trabalha e a burguesia desfruta do lucro proporcionado
pela classe operária por meio da apropriação do trabalho e do que Marx chamou
de mais-valia (excedente do valor trabalho da classe proletarizada).
A mais-valia é, para o autor, a
diferença de preço entre um produto final e sua matéria-prima. Essa diferença é
acrescentada pelo trabalho impresso sobre o produto, e, segundo Marx, todo o
trabalho é feito pelos trabalhadores, enquanto a burguesia apenas desfruta do
lucro. O lucro recebido pela burguesia é uma espécie de apropriação do trabalho
do operário, que possui a sua força de trabalho usurpada e falsamente
recompensada por um salário.
Muitos outros filósofos como Émile
Durkheim, Devid Ricardo, Adam Smith e Marx Weber também notaram estas mudanças sociais,
bem como o estabelecimento dos modos de produção desta nova sociedade, identificando
inclusive fortes alterações nas novas formulações das classes sociais que
surgiam destas interações, fatores que transformavam as relações de consumo a
partir dos meios de produção, resinificando as propriedades e bens dos
capitalistas que agora possuíam valores imobiliários, características
financeiras, bem distintas dos bens feudais que antes esta classe possuía no
conjunto de suas posses.
Estes modos de produção estavam modificando, enquadrando e dividindo as classes sociais, fazendo-as tomar caminhos diferentes no curso da história social, separando-as por níveis e grau de recursos. Estas analises também possibilitaram entender movimento histórico e social dentro das camadas da sociedade, observando que a diferenças de classes já existia, mais uma divisão por recursos e bens imobiliários era novidade para a sociedade de sua época.
Estes estudos geraram duras críticas
à sociedade capitalista que nascia das fabricas, modelo sistemático que especializava-se
na formação de um novo meio social estrutural, estabelecido por um novo padrão
de poder, ressaltado da ideal de classe dominante, proveniente agora do
monopólio dos meios e modos de produção, fatores que suscitavam contradições
decorrentes, estabelecendo divisões, e fomentando distanciamento entre os
indivíduos, uma fratura social que mostrava dois lados de uma única sociedade, enquanto
que de um lado prevalecia o privilégio existencial de poucos, em outro, havia o
sofrimento e a carência das massas proletárias (nascia aqui na visão de Marx,
uma luta de classes estabelecida com a divisão do trabalho).
As observações sobre este novo
sistema social que nascia nos céus cinzentos da Europa, revolviam-se nos
pensamentos de luta social sobre o que se dividia nas fabricas e nas
industriais, neste entendimento de divisão social, destacam-se os pensadores, Karl
Marx e Friedrich Engels. Ambos elaboram uma nova concepção filosófica do mundo,
o “materialismo histórico e o materialismo dialético”, e, ao fazerem a crítica
da sociedade em que vivem, apresentam propostas para sua transformação da
sociedade, exercitando e externalizando o socialismo científico, implantável
por meio da revolução do proletariado.
O materialismo histórico dialético
é então idealizado como uma corrente filosófica que utiliza o conceito de
dialética para entender os processos sociais ao longo da história. Essa teoria cientifica
externa a origem do marxismo socialista, criada por Karl Marx (1818-1883) e
Friedrich Engels (1820-1895), que juntos consolidam as bases desse pensamento filosófico,
para entender o novo mundo social que se ergue na formação da burguesia
industrial.
Ainda nesta época foi
identificado como as relações sociais estavam inteiramente interligadas às
forças produtivas, correlacionando e coexistindo entre si mesmas as dualidades
de suas manifestações históricas. E adquirindo novas forças produtivas, os
homens modificam o seu modo de produção, a maneira de ganhar a vida, a forma de
se enxerga e viver no novo mundo, fatores que modificavam todas as relações
sociais existente até aquele momento histórico.
Karl Marx afirmava que o modo
pelo qual a produção material de uma sociedade é realizada constitui o fator
determinante da organização política e das representações intelectuais de uma
época. A base material ou econômica constitui a "infraestrutura" da
sociedade, que exerce influência direta na "superestrutura", ou seja,
nas instituições jurídicas e políticas, que são as leis e o Estado, e também
ideológicas como as artes, a religião e a moral da época. Neste entendimento devem
ser interpretados como uma dialética histórica, pois não se pode analisar um
separado do outro (o material separado do ideal), no caso, a infraestrutura
separada da superestrutura.
A superestrutura só existe tal
como existe por relacionar-se com a infraestrutura e vice-versa. Então, por
serem uma relação, um somente existe tal como é por existir o outro, um, no
plano material é o outro no plano do ideal.
A dialética marxista propõe que
tudo o que é criado pelo ser vivo, tanto um produto moral, quanto material, não
somente modela o local ou meio de vivência do indivíduo, como também seu
próprio ser, em que o trabalhador ou ser social age e pensa coerentemente com
suas condições de vida estabelecidas na sociedade devido aos diferentes tipos
de atividades produtivas e sobretudo pela exploração exercida sobre o
trabalhador pelo detentor dos meios de produção, para um maior desenvolvimento
monetário e obtenção de maior lucro.
Segundo Marx, a base material é
formada por forças produtivas que são as ferramentas, as máquinas, as técnicas
e tudo aquilo que permite a produção. E por relações de produção, as relações
entre os que são proprietários dos meios de produção, as terras, as matérias
primas, as máquinas e aqueles que possuem apenas a força de trabalho.
A dialética marxista postula que as leis do pensamento correspondem às leis da realidade. A dialética não é somente um pensamento, ele é pensamento e realidade a um só tempo indissolúvel. Mas a matéria e seu conteúdo histórico ditam a dialética do marxismo. A realidade é contraditória com o pensamento dialético. A contradição dialética não é apenas contradição externa, mas unidade das contradições, uma identidade.
Para Marx "a dialética é a ciência
que mostra como as contradições podem ser concretamente idênticas, como passam
uma na outra, mostrando também por que a razão não deve tomar essas
contradições como coisas mortas, petrificadas, mas como coisas vivas, móveis,
lutando uma contra a outra em e através de sua luta...". Os momentos
contraditórios são situados na história com sua parcela de verdade, mas também
de erro, não se misturam, mas o conteúdo, considerado como unilateral, é receptado
e elevado a um nível superior.
A dinâmica dialética histórica
tem como base a Hipótese + Desenvolvimento + Tese + Antítese + Dialética =
Síntese, expressa na contundência deste ensinamento, afirmando que tudo é fruto
da luta de ideias e forças, que na sua oposição geram a realidade concreta,
que, uma vez sendo síntese da disputa, torna-se novamente tese, que já carrega
consigo o seu oposto, a sua antítese, que numa nova luta de um ciclo infinito gerará
o novo, a nova síntese. A hipótese fundamental da dialética é de que não existe
nada eterno, fixo, pois tudo está em perpétua transformação, tudo está sujeito
ao contexto histórico do dinâmico e da transformação.
A dialética de Hegel é diferente
da dialética de Marx. A primeira é idealista (das ideias) e a segunda, é materialista
(do material). Para Marx o mundo material é que determina o mundo das ideias.
Foi, contudo, de Hegel que Marx retomou e aprimorou o conceito de dialética,
caracterizada, segundo este, principalmente pela transformação das coisas
sociais.
Marx nega a "síntese"
de Hegel, que viria da "tese" e da "antítese". No
pensamento marxista, não há uma transformação para a síntese de contrários, mas
uma transformação essencial do objeto, uma mudança de qualidade. Coisas velhas,
anciãs, num dado momento histórico tornam-se insustentáveis e transformam-se em
outras coisas, novas, qualitativamente diferentes do que lhe deu origem, ainda
que contenham traços daquilo que foi a origem antiga. O novo sempre nasce do
velho, nada nasce do nada, do abstrato.
Mas a transformação do velho, origina-se
numa coisa que a ultrapassou, mostrando-se num estágio avançado, de qualidade
diferente. As forças produtivas da sociedade transformam-se ao longo da
história, passando, por exemplo, da forma escravagista antiga para a forma
servil do feudalismo. Mas o impulso das mudanças está sempre na base, na
organização produtiva, material, interpretada pelo modo de produção juntamente
com a política.
O pensamento marxista, é o modo
de produção material e a política, ou melhor dizendo, a economia política, que
é a Infra-estrutura social, determina a Super-estrutura social. A ideologia
dominante, as formas institucionais, o direito, a ética e as leis, assim como a
cultura, as artes e outras manifestações sociais, estão de certa forma no
pensamento social, com base no objeto, que são produzidas pela raiz material da
produção social.
A matéria é objetiva, a ideia,
subjetiva, mas a observação do fenômeno material objetivo é que fornece a massa
para a idealização, não o contrário, como achava Hegel. Outro aspecto
relevante, é que as transformações político-econômicas que historicamente se
sucedem, ocorrem pelas contradições sociais, pelos interesses contrários das
classes sociais, daí a chamada luta de classes, considerada por Marx, o motor
da História.
Na revolução francesa, lutaram os
burgueses contra os nobres. Os interesses contrários chegaram ao ápice e a
burguesia venceu e mudou a sociedade e o modelo de produção, que era servil
para comercial e industrial. Mudou também a forma de exploração do homem pelo
homem. O nobre explorava o servo. Depois o burguês passou a explorar o
proletário. As contradições que levam à essas mudanças, são de natureza igual
ao que acontece com as contradições sociais.
Um outro elemento da dialética
materialista é a ideia de totalidade, a percepção da realidade social como um
todo que está relacionado entre si mesmo no contexto histórico. Há também as
contradições internas da realidade, em relação ao valor e não valor, lucro ou
não lucro, por exemplo, dentro da produção, seja essa positiva ou negativa.
Essas ideias são imprecisas. Não existem essas afirmações positivas contra
negativas.
Na dialética marxista há o que se
chama de Unidade de Contrários. Uma moeda, pelo fato de ter duas faces
diferentes, continua sendo a mesma. Uma folha de papel, tem a página 1 e a
página 2, mas continua sendo a mesma folha. Os contrários existem nas coisas na
sociedade de igual maneira. Neste entendimento são como as contradições. Estão
sempre juntas, num mesmo evento. Isto é o que o marxismo chama de Unidade de
Contrários. A tradição filosófica idealista (que nasce das ideias) considera
normalmente o sujeito e o objeto, dois seres epistemológicos. No marxismo,
esses seres são uma unidade inseparável. O objeto não existe sem o sujeito e
vice-versa.
Marx utilizou o método dialético
para explicar as mudanças importantes ocorridas na história da humanidade
através dos tempos. Ao estudar determinado fato histórico, ele procurava seus
elementos contraditórios, buscando encontrar aquele elemento responsável pela
sua transformação num novo fato, dando continuidade ao processo histórico.
Neste entendimento histórico
dialético, observa-se que no prefácio do livro "Contribuição à crítica da
economia política", Marx identificou na História, de maneira geral, os seguintes
estágios de desenvolvimento das forças produtivas, ou modos de produção. O comunismo
primitivo, o asiático, o escravista (da Grécia e de Roma), o feudal e o
burguês. Ou seja, dividiu a história em períodos conforme a organização do
trabalho humano e quem se beneficiasse dele.
Marx desenvolveu uma concepção
materialista da História, afirmando que o modo pelo qual a produção material de
uma sociedade é realizada constitui o fator determinante da organização
política e das representações intelectuais de uma época. Observa-se que a realidade
não é estática, mas dialética, está em transformação pelas suas contradições
internas.
No processo histórico, essas contradições são geradas pelas lutas entre as diferentes classes sociais. Ao chamar a atenção para a sociedade como um todo, para sua organização em classes, e para o condicionamento dos indivíduos à uma classe a que pertencem e se desenvolve, esses autores também exercem uma influência decisiva nas formas posteriores de se escrever a história.
A evolução de um modo de produção
para o outro ocorreu a partir do desenvolvimento das forças produtivas e da
luta entre as classes sociais predominantes em cada período, identifica como o
movimento da História possui uma base material, econômica e obedece a um
movimento dialético. E, conforme muda esta relação, mudam-se as leis, a
cultura, a literatura, a educação, as artes e as outras manifestações sociais...
O materialismo dialético propõe
uma disputa que não mais seja baseada em coletividade, mas sim nos indivíduos e
nos interesses que têm os meios de produção. Identifica-se que como a relação
destas faz gerar de forma dialética a destruição dos atuais modelos de
sociedade, de produção, de pensamento, e de poder econômico e político.
O pensamento de Karl Marx fazer-nos
pensar em como estas relações perpetram com que pequenos homens possam ser
considerados grandes objetos da história e da luta entre pessoas, ao invés do
contrário.
Karl Popper um dos maiores
críticos dogmáticos da dialética, identifica o marxismo e sua dialética como
pseudociência, primeiro devido a seu caráter especulativo, depois devido a seu
suposto caráter metafísico. Karl Popper e outros criticam a dialética mediante
o apontamento de que não é ciência, nem corresponde ao método científico.
O modelo científico visa atestar
ideias através da experimentação. A dialética visa contrapor ideias com ideias,
sem a necessidade de nenhuma evidencia. A dialética, como arma retórica reduz
os objetos observados ao antagonismo de tese e antítese, supostamente
descartando dados significativos, obliterados pela advocacia de sua
perspectiva.
O método científico não se válida
de antítese. A ciência visa examinar o objeto, sem que exista interferência crítica
ou especulação. Um físico interessado em examinar as propriedades dos átomos
não necessita duvidar de sua constituição, nem precisa construir uma tese ou
antítese antes da experimentação, mesmo porque a contradição de uma ideia não
sugere seu irredutível aperfeiçoamento teórico.
Observa-se que do contrário, a
antítese rompe o ciclo evolutivo da tese, ao propor uma contraposição, como
irredutível elemento dissertativo, mesmo que não exista parâmetro para este
antagonismo.
Mao Tsé-Tung revela que a
dialética materialista não pode, de fato, ser definida como um método de
experimentação científica ou método cientifico, mas, sim, passível de ser
conceituada como uma lógica científica, fundamentada na generalização das leis
de funcionamento do universo, tanto material quanto social.
O materialismo dialético, portanto,
enquanto lógica cientifica, se propõe a estar fundamentado nos princípios
gerais da unidade dinâmica que é composta por vetores contrários e sempre
presentes em todos os fenômenos.
Este método cientifico está fundamentado
principalmente na identificação dos componentes contrários ou contraditórios
presentes em qualquer unidade dinâmica fenomênica, seja social ou natural,
ecológica ou ambiental, sendo analítico, baseado na generalização da lógica de
funcionamento, evolução, senescência e reestruturação e reformatação dos
fenômenos.
A lógica subjacente ao esforço
cognitivo realizado para a compreensão do mundo por via do materialismo
dialético, pouco se diferencia daquilo que se denomina sabedoria taoista ou
taoísmo, este basicamente assentado nos conceitos de yin e yang, os quais
"expõem a dualidade de tudo que existe no universo".
O conceito de yin e yang descreve
as duas forças fundamentais opostas e complementares (ou tese e antítese,
segundo a dialética) que se encontram em todas as coisas. Igualmente, a lógica
subjacente à dialética materialista compreende a diversidade qualitativa dos
fenômenos, bem como a transformação duma qualidade em uma outra.
O uso da expressão método, portanto, aplicável à lógica
dialética materialista, deve ser objeto de ressalva ante o conceito de método
cientifico, especialmente quando este conceito (método científico) é utilizado
em correspondência direta à ideia de experimentação laboratorial.
As conclusões científicas podem
dispensar experimentação ou reprodução laboratorial, as conclusões científicas,
que são passíveis de resultados positivos ou negativos, indiscutivelmente, de
serem obtidas por dedução lógica, por processamento estatístico de observações
e outros métodos.
A crítica à lógica dialética tem
que, necessariamente, ou descambar para uma visão materialista mecanicista ou
apelar para dogmatismos ou subjetivismos, apontando fragilidades em face, por
exemplo, do emprego da especulação, sem a qual não se produz ciência.
Contraditoriamente, Karl Popper
pontua que "A história da ciência é em toda parte especulativa" e
isso é lógico e evidente pois a ciência se produz em fase inicial pelo
questionamento, pelo raciocínio, pela lógica, sendo a experimentação uma fase
instrumental e complementar à produção de verdades científicas ou à consagração
de conclusões ou seu descarte, pois também as conclusões científicas podem ser
precárias.
Apesar do justificado fascínio de
Karl Popper pela Física, campo de máxima expressão científica segundo o
filósofo, não se pode considerar razoável reputar àquele campo exclusividade científica,
além do que se pode identificar, mesmo ao nível atômico, a ocorrência de forças
eletromagnéticas ativas, positivas e negativas, bem como a ocorrência de uma
unidade contraditória e interdependente, expressa nas forças de atração (tese
ou antítese) e repulsão (antítese ou tese) presentes na dinâmica molecular que
se apresentam numa unidade de contradições em equilíbrio (síntese) precário ou
permanentes em permanecendo constantes as condições relevantes.
A dialética materialista,
portanto, extrai do conhecimento físico, por exemplo, a identificação de leis
mais gerais de regência da matéria ou dos fenômenos, constituindo um patamar
mais elevado de conhecimento, o patamar da sabedoria científica.
O materialismo dialético ou
materialismo filosófico é a lógica analítica fundamentada na generalização das
leis que regem a dinâmica dos fenômenos, especialmente na concepção de
existência de uma unidade de contrários integrados e auto dependentes,
geradores de permanente dinâmica transformadora, seja em quantidades ou
qualidades, seja no universo social ou natural. Em síntese, pode ser
conceituado como uma teoria de funcionamento dos fenômenos.
O materialismo histórico em
síntese é a lógica analítica fundamentada no materialismo dialético, que
concebe a sociedade como resultante de fatores materiais, como economia,
biologia, geografia e desenvolvimento científico. Opondo-se, portanto, à ideia
de que a sociedade seja definida por forças sobrenaturais, divindades, pelo
pensamento ou por ideais e cuja configuração geral é produto dos conflitos
entre classes que emanam das formas e das relações de produção.
Neste aspecto, Marx se opõe ao
controle do Estado por religiosos, tendo em vista que as religiões constituem
cultura anti-intelectual e por marcantes traços de preferência pela fé, pela
crença ou pelo pietismo, em lugar do conhecimento racional, como fatores de
desenvolvimento social.
O materialismo histórico não
apenas defende ser a religião um produto das relações de produção, em sua maior
parte fator de manutenção da estrutura conflitante de classes, mas, sobretudo,
que somente a revolução do proletariado, como decorrência do crescente
antagonismo de classes presente no modo de produção capitalista, pode reposicionar
o poder nas mãos das classes trabalhadoras e implementar a nova estruturação de
uma sociedade menos injusta.
Para o marxismo, no lugar das
ideias estão os fatos materiais (as formas de produção e as relações de
produção), no lugar dos grandes heróis estão as lutas de classes, como fatores
determinantes da estrutura e da dinâmica social.
Esquematicamente, para o
pensamento marxista a sociedade estrutura-se em dois níveis ou componentes
fundamentais: O primeiro nível está na infraestrutura, constituída basicamente
pelas formas de produção material e pelas relações sociais de produção, ou
seja, a economia, sendo esta determinante na configuração da sociedade.
Sobre esta concepção
histórico-materialista as relações de produção se estabelece entre proprietários
dos meios de produção e não proprietários dos meios de produção (trabalhadores;
ou seja, detentores, apenas, de sua força de trabalho). Entre os não
proprietários e os meios ou objetos do trabalho que via de regra não lhes
pertencem.
O segundo nível está a
superestrutura político-ideológica, constituída basicamente pelos seguintes
elementos: 1 - Aparato jurídico-político, representado pelo Estado (detentor
dos mecanismos de controle social) e pelo direito, enquanto regramento de
controle social; 2- Estrutura ideológica, referente às formas de consciência
social, tais como a religião, a educação, a filosofia, a ciência, a arte, as
doutrinas jurídicas, e etc..
Observa-se que o conhecimento
filosófico de Marx sobre a sociedade burguesa que era o centro do seu estudo,
buscou entender esta classe social e como ela ditava normas e regramentos sobre
o novo sistema de sociedade que estava em construção naquele momento da
história. Analisando o seu desenvolvimento por meios econômicos, políticos,
biológicos, filosóficos e sociais.
Abrantes F. Roosevelt, 24 de Junho de 2020
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