Artigo 82 - O Avanço das Lideranças Autocráticas e o Colapso da Paz Mundial em 2025
Vivemos uma era marcada por um preocupante
renascimento de lideranças mundiais que flertam abertamente com o
autoritarismo, desprezam os direitos humanos e transformam o poder militar em
ferramenta política de dominação. Em vez de avançarmos rumo à paz, à cooperação
e ao desenvolvimento sustentável, assistimos à volta de fantasmas antigos:
nacionalismos radicais, conflitos étnico-religiosos, expansionismo territorial
e uma cultura global de medo.
O cenário
geopolítico contemporâneo é revelador. Potências como Estados Unidos, China e Rússia continuam ditando os rumos
dos conflitos mundiais, alimentando guerras por procuração, disputas
territoriais e rivalidades tecnológicas e econômicas. Enquanto os EUA seguem
promovendo intervenções militares em nome da “liberdade” e da “democracia”, sua
política externa ignora sistematicamente o direito internacional. A China, por
sua vez, intensifica o controle estatal sobre a população, reprime minorias
como os uigures e impõe sua força sobre regiões disputadas, como Taiwan e o Mar
do Sul da China. A Rússia, com sua escalada militar e campanhas de
desinformação, tornou-se símbolo da ressurreição de um imperialismo que ameaça
toda a Europa Oriental e além.
No Oriente Médio, a situação é ainda mais
crítica. Israel e Irã, por motivos
distintos, se posicionam como centros de tensão permanente. Israel, mesmo com
seus avançados sistemas de defesa como o Domo de Ferro e o Estilingue de Davi,
mantém uma postura ofensiva contra seus vizinhos, especialmente na Faixa de
Gaza e no sul do Líbano, resultando em mortes de civis e violações recorrentes
de tratados internacionais. Já o Irã, envolvido em uma política religiosa de
dominação xiita, é acusado de perseguir dissidentes internos e patrocinar
grupos armados em países como Síria, Líbano e Iêmen. A Arábia Saudita, em nome do controle regional e da
rivalidade com o Irã, mantém uma guerra brutal no Iêmen, onde centenas de
milhares de civis já morreram, muitos por fome e doenças causadas pelo
bloqueio.
Na África, o caos é estrutural. Sudão, Sudão do Sul, República Democrática do
Congo, Mali, Nigéria e República Centro-Africana enfrentam lideranças
que operam na base da opressão, da força militar e da exploração de recursos
naturais. Grupos armados, milícias étnicas e exércitos regulares promovem
massacres, estupros em massa e limpeza étnica com quase total impunidade. A
fragilidade institucional e o legado colonial alimentam ciclos intermináveis de
violência. O que deveria ser um continente em ascensão, acaba se tornando campo
de batalha entre potências estrangeiras, empresas mineradoras e senhores da
guerra.
Na América Latina, os sinais de
deterioração democrática também são evidentes. Países como Venezuela, Peru, Chile, Colômbia e Guiana
Francesa vivem sob tensão. A Venezuela é comandada por uma ditadura
disfarçada de democracia, onde a repressão política, a censura e a miséria
andam de mãos dadas. No Peru, crises institucionais crônicas enfraquecem o
Estado de Direito. A Colômbia convive com conflitos armados de décadas,
agravados por narcotráfico e grupos paramilitares. O Chile e a Guiana Francesa
enfrentam explosões sociais motivadas por desigualdades extremas, e a resposta
do Estado costuma ser a violência desproporcional.
Essa onda global de
autoritarismo e belicismo representa uma ameaça direta à paz mundial. Esses
líderes e seus governos não apenas violam os direitos de seus próprios povos,
mas influenciam negativamente as dinâmicas regionais, exportam instabilidade,
armam milícias, desrespeitam tratados, alimentam extremismos religiosos ou
nacionalistas e sabotam esforços multilaterais de paz. O Conselho de Segurança
da ONU, dominado por potências envolvidas em conflitos, torna-se inoperante. A
diplomacia internacional, refém de interesses econômicos, se mostra frágil e
seletiva.
Enquanto isso, a
população civil paga o preço. Milhões de refugiados vagam sem destino. Crianças
crescem em zonas de guerra. Mulheres são alvo de violência sexual em larga
escala. Recursos naturais são saqueados. A educação é destruída. A cultura é
censurada. A vida é desumanizada.
A ascensão dessas
lideranças violentas é um sinal claro de que o mundo está no limiar de um novo
colapso civilizacional. Não se trata apenas de guerras com tanques e mísseis,
mas de guerras contra a dignidade, contra os direitos fundamentais, contra o
próprio conceito de humanidade. A paz mundial, hoje, é uma ilusão frágil — e a
sobrevivência da civilização exige, urgentemente, um despertar global para
deter essa marcha sombria rumo ao abismo.
Uma Guerra Nuclear é hoje
uma possibilidade real e muito perigosa para a raça humana e o fim da vida como
conhecemos se torna cada vez mais próximo e passível de uma concretude. Este fato
torna a ascensão de regimes autoritários e de conflitos armados ainda mais tensos
e perigosos para a segurança mundial da humanidade.
A sociedade planetária tem
uma bomba relógio que já se configura como uma ameaça concreta à paz mundial, o
espectro de uma guerra nuclear eleva essa ameaça ao limite máximo: a
aniquilação total da vida humana — e talvez de toda forma de vida complexa —
sobre a Terra. Diferentemente das guerras convencionais, a guerra nuclear não é
apenas uma disputa entre nações: ela é uma sentença coletiva, um suicídio
civilizacional com data e hora incerta.
Em um mundo dominado por lideranças imprevisíveis
e inclinadas à força bruta — como nos casos de Estados Unidos, Rússia, China, Irã, Israel, Índia, Paquistão e
Coreia do Norte — o risco de um conflito atômico deixou de ser uma
paranoia da Guerra Fria e tornou-se uma realidade cada vez mais plausível.
Basta uma escalada mal calculada, um ataque preventivo mal interpretado, uma
retaliação automatizada ou um erro de sistema para que o botão vermelho seja
pressionado — e, com ele, o início do fim.
Hoje, existem mais
de 13 mil ogivas nucleares
ativas no mundo, muitas delas centenas de vezes mais potentes do que as que
destruíram Hiroshima e Nagasaki. Estão prontas para serem lançadas em minutos.
Os mísseis balísticos intercontinentais (ICBMs) podem cruzar continentes em
menos de 30 minutos, tornando quase impossível qualquer tentativa de contenção.
O sistema de destruição mútua garantida — que deveria servir como dissuasão —
tornou-se uma roleta russa com múltiplos jogadores insanos.
Uma guerra nuclear
entre potências como Estados Unidos e
Rússia, ou China e Taiwan
com envolvimento dos EUA, ou até mesmo um confronto regional entre Israel e Irã, poderia gerar uma reação
em cadeia com consequências apocalípticas. Não estamos falando apenas da
destruição de cidades inteiras, mas do chamado “inverno nuclear”: uma nuvem global de poeira e fuligem
que bloquearia a luz solar por meses ou anos, colapsando a agricultura, gerando
fome em massa e alterando o clima do planeta de forma catastrófica.
O colapso da cadeia
alimentar seria inevitável. Sem sol, as plantas morrem. Sem plantas, os animais
sucumbem. Sem ambos, bilhões de seres humanos enfrentariam a fome em um nível
nunca antes visto. As doenças se espalhariam rapidamente, os sistemas de saúde
entrariam em colapso, a água potável desapareceria, e as instituições que
sustentam a civilização ruiriam em questão de semanas. As cidades que não forem
destruídas diretamente pelas bombas se tornarão prisões tóxicas de caos e
desespero.
Além disso, o
impacto sobre a natureza seria devastador. Oceanos seriam envenenados,
florestas carbonizadas, espécies inteiras extintas. O planeta entraria em um
período de escuridão e morte, talvez por séculos. E mesmo que alguns
sobreviventes escapassem em abrigos subterrâneos, que tipo de mundo estariam
herdando? Um planeta devastado, hostil, sem tecnologia, sem comunicação, sem
futuro.
A guerra nuclear
não é apenas um risco técnico ou político: é um colapso moral. É a prova máxima
de que a humanidade falhou em proteger aquilo que era mais sagrado — a vida. E
hoje, o perigo não reside apenas nas superpotências, mas também em Estados
instáveis, facções terroristas e líderes populistas que tratam armas nucleares
como símbolos de soberania e prestígio, e não como instrumentos de destruição
em massa.
A existência de
armas nucleares representa a falência da lógica civilizatória. Sua permanência
entre nós é a confirmação de que ainda vivemos sob o domínio do medo, do ego e
da morte. E se não houver uma mudança profunda — política, ética e espiritual —
essa bomba-relógio chamada civilização estará cada vez mais próxima de
explodir.
Uma guerra nuclear
não será apenas o fim de uma era construída pela raça humana. Mas sim o fim da
história da vida humana sobre a terra. E quando as últimas ogivas forem
lançadas, quando o céu escurecer sob a fuligem dos milhares de cogumelos
atômicos, quando o silêncio sepulcral substituir o barulho das bombas, a Terra
deixará de ser o lar da humanidade como conhecemos. E então, sob os escombros
radioativos, surgirá o cenário
pós-apocalíptico mais sombrio da história — não como ficção, mas como
uma tragédia real e definitiva.
As grandes cidades virarão ruínas contaminadas,
habitadas por espectros famintos, deformados pelas radiações, guiados por
instintos primitivos de sobrevivência. As nações deixarão de existir como entidades
políticas: o que restará serão tribos desconfiadas, grupos armados, senhores da
guerra, milícias e sobreviventes desesperados lutando por latas de comida e
gotas de água potável. O conceito de civilização será enterrado sob toneladas
de poeira nuclear.
O sol, ofuscado por
meses ou anos, provocará o que os cientistas chamam de “inverno nuclear”. A temperatura média
global cairá, as colheitas falharão, os oceanos mudarão de comportamento e os
ecossistemas entrarão em colapso. Animais morrerão em massa. A biodiversidade
será dizimada. A Terra, vibrante e cheia de vida, se transformará em um planeta
cinzento, árido, hostil — um eco distante do paraíso que um dia abrigou bilhões
de sonhos humanos.
E nesse cenário,
surgirá a ética da sobrevivência
— uma nova moralidade forjada não em livros ou escolas, mas na luta brutal por
continuar respirando mais um dia. Como julgar alguém que rouba comida de um
idoso para alimentar seu filho? Quem estabelecerá justiça onde não há mais
leis? Em que momento os valores humanos — compaixão, solidariedade, dignidade —
deixarão de ser virtudes e passarão a ser fraquezas fatais? A ética
pós-holocausto não será iluminada por princípios; será obscurecida pelo medo.
Sobreviventes
viverão em túneis, cavernas, búnkeres improvisados. Muitos nascerão sem nunca
ter visto a luz do sol. Línguas se perderão. Conhecimentos serão esquecidos. A
memória da humanidade se tornará mitologia. E talvez, depois de séculos, algum
grupo remoto olhe para os restos de uma biblioteca ou uma torre de satélite
caída e pergunte: "Como uma espécie
tão inteligente pôde destruir o próprio mundo?"
Esse é o abismo que
estamos contemplando — e que ainda pode
ser evitado. A única alternativa viável está em um esforço
internacional profundo, realista e imediato pelo desarmamento nuclear global. Não se trata de utopia, mas
de sobrevivência.
Algumas medidas
concretas:
1.
Tratados de
Redução Gradual e Irreversível de Arsenais Nucleares, com
monitoramento real e punições internacionais automáticas para violações. A
Rússia e os EUA, que detêm mais de 90% do arsenal mundial, precisam dar o
exemplo.
2.
Criminalização do
Uso e da Ameaça Nuclear no Direito Internacional, equiparando-a a
crimes contra a humanidade.
3.
Transferência do
Controle das Armas para Entidades Multinacionais, removendo o “botão
vermelho” das mãos de líderes instáveis ou radicais.
4.
Criação de um
Protocolo de Resposta Rápida a Crises Nucleares, para impedir
escaladas mal interpretadas — como alertas falsos de mísseis ou cyberataques
simulados.
5.
Educação Global
sobre os Perigos da Guerra Nuclear, incluindo simulações e exposições
nos currículos escolares, para que futuras gerações compreendam o risco real.
6.
Conversão dos
Investimentos em Armas em Ciência e Desenvolvimento Humano, pois o
orçamento de um único míssil pode construir milhares de escolas ou hospitais.
O tempo está se
esgotando. Cada míssil construído é um túmulo escavado. Cada ogiva ativada é
uma sentença contra as crianças que ainda nem nasceram. O mundo que conhecemos
está por um fio — e esse fio está sendo segurado por homens que muitas vezes
não têm equilíbrio emocional sequer para governar em tempos de paz. E se
queremos um futuro, é hora de desarmar a insanidade. E se queremos continuar
existindo, é hora de escolher a vida. E neste sentido, ou viveremos como
humanos, ou morreremos como bestas que inventaram sua própria extinção.
Abrantes
F. Roosevelt, 25 de Junho de 2025
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