Artigo 02 - O Trabalho, o Dono do Trabalho e o Trabalhador, uma Perspectiva de Conflito ainda não Moderada

 
    Fonte: Mídia Ativa Digital / Texto: Abrantes F. Roosevelt



O Trabalho, o Dono do Trabalho e o Trabalhador, uma Perspectiva de Conflito ainda não Moderada  


O homo sapiens perante a sua santa ignorância e pequenez frente a um mundo e a espaços completamente desconhecidos, sempre enfrentou muitos dilemas sobre a sua existência, justamente por ter medo da vida e principalmente, por desconhecer o que é realmente a morte e o que vem depois dela. 

E é exatamente isso que nos tornar os homens que somos hoje, trocamos as matas e florestas em que vivíamos, para lutarmos e recriamos a existência, escolhemos adormecer em nossa própria selva, feitas de pedra, concreto e aço. Isto nos difere dos outros animais, magistralmente por transformamos o meio em que vivemos e substituí-lo.

Quando resolvemos usar, comandar e utilizar o cérebro e o polegar, nós nos transformamos em senhores de nós mesmo, protagonistas de nossa historia e existência, inconscientemente sabemos da existência do existir, e por pensarmos já existimos. 

É incrível como a relação intrínseca da vassalagem entre seres da mesma espécie pode ao mesmo tempo ser benéfica e outras vezes predatória, em relação a espécie humana, isso não é uma densa característica só da época da pedra lascada, muito menos do período pós-paleolítico, pois mesmo no feudalismos inglês, este tipo de comportamento já era evidenciado, dentro da própria Grécia antiga, essa preponderância social era uma marca política gritada aos quatro ventos sobre as ágoras (praça publica) de suas cidades, onde o termo escravizar tinha se tornado um costume comum e ético, aceito pela maioria das pessoas.

Os filósofos, matemáticos e políticos, já admitiam que para produzirem era preciso estar abertos ao mundo, pois os mesmos de forma coesa, tinham que sentir a liberdade do tempo, acreditavam que o trabalho braçal, prejudicaria suas produtividades intelectuais, assim a dominação pautava-se pela persuasão inquirida do conhecimento, da ação política, ou preponderante dos laços da herança de castas, que qualificava quem deveria assumir as posições importantes dentro deste embriões sociais.

E com os egípcios, fenícios e sumérios o procedimento era de igual relevância, o sistema de classes era baseado nos usos e costumes do povo ancestral de sua organização social, o uso de castas era também identificado mesmo em terras muito distantes, como o que acontecia nas antigas civilizações incas, maias e astecas, nestes casos específicos observava-se uma dominação extremamente religiosa, com sua conceituação representativa feita pelos pajés, ritualistas e chefe de aldeia, a escravatura por ideologia ou por prisioneiros de guerras, dava suporte aos nivelamentos de classe, ou seja, ao controle social de base, isso fica mais perceptível entres os aborígenes australianos onde a concepção de classe dominante já existia durante muitos séculos antes de cristo.

A lei dos mais fortes ainda predominaria fora das selvas em outras culturas, com um terror extremamente brutal, ambas estas associações de classe defendiam ou impunham que alguém deveria exercer a função de trabalhador, escravo ou serviçal, enquanto uma minoria majoritária deveria ter uma função mais nobre e exaltada sobre os demais, a figura de um deus entre os homens, capturada destes povos antigos fez sucumbir à classe dos proletariados, elevando os dominadores a posto de donos do trabalho, ditando uma” nova e moderna lei de trabalho”, isso fica evidente quando alguns intelectuais começam a identificar o predomínio da ação sobre a inércia, isto fica mais nítido principalmente quando, Max e Engel começam a estudar a origem e o comportamento das classes sociais, no livro “O Capital”, Karl  Max deixa claro a declaração dos direitos do trabalhador e denuncia abusos praticados pelos os patrões, que extorquiam e lesavam os seus empregados.

Este pensamento deixava as luzes da razão como a opressão de classe era instituída dentro do trabalho, e como isso era exteriorizado na vida particular desse proletariado, que não tinha bens materiais, apenas possuindo a sua força de trabalho, vistos de fora, os operários são meras engrenagens, partes físicas das fabricas.

Esta denuncia extrema de Max sobre a exploração trabalhista nas fabricas, no começo do século XVIII, execrou a ideia dos industriais de que os homens deveriam se alto consumir, ou seja, “o homem pelo homem”, onde o patrão impulsionado pelo lucro roubava as mais “valia” de seus empregados, exaurindo o excedente do trabalhador. Este posicionamento de Max, fez dele um inimigo do estado alemão, fato que gerou indisposição com vários outros países da Europa fabril, sendo em todos os portos que ancorava convidado a sair, muitas destes convites eram feitos pelo uso da força. 

As suas ideias de igualdade, liberdade e fraternidade não cabiam neste novo contesto, o mundo estava coberto por um mar de chaminés, cinzas, maquinas e operários decrépitos. Como não tinha apoio ideológico e muito menos financeiro, as suas ideias quase sumiram junto com o seu ideal de sociedade livre, porém seus intentos só sobreviveram aos séculos devido a um amigo e industrial, chamado Frederic Engel que o financiou e ate o sustentou, tanto ele como a sua família por quase toda a sua vida.

Rousseau foi ainda mais critico em denunciar como esta questão da propriedade privada originou-se, e como ela condicionou o homem livre a um cárcere arbitrária de si mesmo, em um cativo dentro de seu próprio mundo, um verdadeiro escravo dentro de seu pensamento, Rousseau afirmava que quando alguém delimitava um pedaço de terra, e que aquele cercado pertencia a aquele único ser que o demarcou, surgia ai nesta interpretação a criação de propriedade privada, neste segmento as sociedades privadas não demoraria a implodir.

Nos séculos seguintes a igreja católica se tornou detentora do saber em muitos seguimentos das ciências humanas, coletados durante o erguimento do cristianismo, os seus enormes mosteiros de pedras enclausuravam também muito de sua própria historia, com eles apoderaram-se das chaves que governaria a terra, sequestraram o poder dos céus para um líder que eles o intitularam de “o papa”, que a partir de então seria o único representante Máximo de Deus sobre os homens, ou seja, a própria terra deveria curva-se sobre este novo deus de carne, pecados e ossos; a esta altura a terra (terra firme) já servia como moeda de troca pela salvação de muitos dos novos cristãos convertidos, “os chamados fies”, isso era aprovado e carimbado pelo novo eleito dos céus.

O catolicismo usou muito bem o termo propriedade privada e tratou hegemonicamente de reter tudo que pudesse incorpora como titulo de poder em nome de um único ser, que desde então é considerado o maior entre todos os homens, a figura de Jesus cristo, usado no decorrer dos séculos como justificativa, para saquear, guerrear, manipular, estuprar, escravizar e matar milhares e milhões de inocentes, não poupando crianças, idosos ou mulheres, tudo acumulado em nome da riqueza e do poder, inúmeros lotes dentre elas, milhares de terras muito férteis, foram adquiridas ilicitamente, durante o que a historia ousou em chamar de “guerras santas”, “guerras de cavalarias” ou “cruzadas santas”, estas verdadeiras romarias tinham apenas um só objetivo além de “evangelizar novos cristãos”, ou seja, adquirir novos clientes ou “adeptos”. 

Esta multinacional romana não só invadia outros estados nações, como escravizava os povos derrotados nas guerras e loteava parte de seus bens, para financiar novas caravanas, este atributo militar católico era apoiada pela ordem dos templários (eram os cavaleiros de guerra da igreja, que tempos mais tarde foram assassinados pela própria entidade religiosa, quando estes ousaram ter mais poder do que o próprio papado) seriam a cartada final desta verdadeira companhia do comercio europeu.

Com o advento do mercantilismo, as ideias dos iluministas, precocemente abririam no novo futuro as portas dos sistemas econômicos e financeiros, tal qual como os conhecemos atualmente. Totalmente reformulado e baseado em crenças e ideologias mais sensatas, o cientificismo novamente viria para a derrubada do pluralismo dionisíaco do teocentrismo espanhol, dando lugar para o individualismo exagerado, cultivados pelos excêntricos românticos ingleses. 

Neste contexto as classes dominantes e burocratas do país de Gales exigiam das outras nações, a libertação dos seus escravos, para enfim formar os novos mercados, que em um futuro prospero consumiria os seus manufaturados. A eleição majoritária do capitalismo industrial por fim estava feita, o berço de ouro da nova clientela nasceria sobre outras correntes, que seriam ainda mais fortes e uteis, acobertadas sobre os alicerces de aços, construídas ainda lá no feudalismo.

  A ruptura com a economia baseada na terra foi substituída pelo imaterialismo, das mãos invisíveis do mercado e da economia capitalista, o novo senhor de escravos, não teria nem cor e nem alma, o nobre e o burguês seria substituído pelo novo rico, que por outrora começou a se chamar de empresários, ditador das classes “A” e consequentemente das demais classes, detentor da hegemonia suprema do capital, do poder monetário e quase sem vida das notas fragmentadas de cem reais...

A luta de classes sempre exigiu muito do ser humano, a concepção de organização da sociedade, porém apoderou-se do termo amebiano de enxergar a vida, onde um ser para viver deve consumir o outro, a grande diferença da idade media para os dias atuais esta no grande dilema de Shakespeare, onde ele afirmava, - afinal “ser ou não ser eis a questão”, enquanto que no mundo antigo as pessoas se esforçavam para ser alguém e depois ter valores, na atual dinastia do capital, as pessoas precisam ter para ser alguém, fato que monstrualiza e preconiza a personalidade humana, mecanizando a forma de agir e pensar, sistematizando tudo e a todos como a robôs e máquinas, que podem e devem ser controladas pela sua eloquência frágil e débil; o espírito de liberdade estar aprisionado ainda que de forma subliminar na forma com que os homens traçam os seus caminhos tortos, nesta imensa selva de pedra e arranha céus, verdadeiramente aqui na terra fica cada vez mais evidente que deus é uma famigerada e truculenta nota de cem...


Abrantes F. Roosevelt,  23 de Janeiro de 2019


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