Artigo 10 - Brasil, Uma Democracia Ameaçada
Fonte: Mídia Ativa Digital / Texto: Abrantes F. Roosevelt
Brasil, Uma Democracia Ameaçada
O Brasil vive hoje um de seus maiores e mais perigosos desafios no que
tange a independência democrática nacional, ou seja, o fato de permanecer e
continuar sendo uma democracia, que foi legitimamente conquistada e confirmada
pela maioria de seus cidadãos.
Hoje a ameaça é outra e ela já se encontra dentro do congresso
nacional, e estas sentado sobre a cadeira presidencial, mais este novo inimigo da
democracia, vai além do que pensa os seus eleitores, pois o mandatário maior de
nossa pequena republica tem novos aliados, que já sobre a lapides improvisada dos
brasileiros, a sua prole mostra-se hoje, assim como a algum tempo atrás, mais
perigoso e audaz, um que assusta a manutenção da democracia nacional.
Nas ultimas semanas, fim do mês de outubro e inicio do mês de novembro,
algumas declarações tornaram púbicas algumas más intenções sobre o rumo que Eduardo
Bolsonaro retende orquestra para a nação. Algumas delas se referem a integridade
da vida civil, humanitária, ideológica e de liberdade.
Palavras do tipo “um soldado e um tanque de guerra bastaria
para fecha o congresso”, ou “se a esquerda não nos deixar governa, farei uso
legitimo do AI 5” . Estas são palavras reais de uma ameaça ainda mais
real e vindas de dentro do congresso nacional brasileiro, palavras que emitem vícios
e suspeitas que nos direcionam a pensar que há em voga, ou que há em eminencia
de voga, um orquestrado e planejado golpe militar, ou pelo menos que há a suspeitas
de uma implantação da nova ditadura militar no Brasil, um fator que em analise
nos cogita em pensar nesta real possibilidade, algo que por si só já é gravíssimo
para a democracia.
O que há em andamento no Brasil hoje é a apropriação inepta do Estado,
uma privatização pessoal de um único grupo politico, e a ramificação de um parâmetro
sociológico. Infelizmente há no congresso nacional hoje uma pequena ditadura de
cunho familiar, onde a prole determinar as ações de seu progenitor, há na
verdade um cercamento ideológico perigoso que trata a coisa púbica como se
fosse a cozinha particular de sua própria casa, onde as diretrizes não visam
beneficiar o povo, mais sim uma pequena casta.
Há hoje no Brasil a instalação de um mini- feudo, uma espécie de reinado
familiar, que a seu modo dita as regras novas, mais com o mesmo artificio, o de
se auto beneficiar. O que diria Sócrates sobre a democracia atual do Brasil, o
que diria Nietzsche sobre o padrão psicológico destes novos atores da republica
nacional, o que falaria Leonardo Boff, sobre os novos rumos que o Brasil
pretende traçar, o que falaria Rubens Alves sobre a sanidade dos eleitores e o recém
eleito no pleito.
Vivemos hoje uma ojeriza, uma babilônia de ideias e bobagens
desmedidas, uma volúpia de egos que não cabem em suas próprias existências, uma
onda de ignorância que não olha para o povo e só tenta destruí-lo.
As ultimas declarações de Eduardo Bolsonaro são explicitas, obvias e
intencionais, o imenso desejo de ser rei esta aberto e jogado no ventilador,
seu desejo maquiavélico, agradaria Maquiavel, que sempre admitiu que não é
preciso ser um bom politico, mas aparentar ser, pois os fins justificam os
meios. E para quem deseja o poder a qualquer custo, a vida de inocentes não
vale nada.
O “AI 5” decreto proferido por Eduardo Bolsonaro refere-se ao golpe mas
duro aplicado pela ditadura militar e é com este argumento bélico e oneroso, que
este jovem e promissor politico, justifica um ataque aos seus possíveis opositores
políticos, ou seja, o campo das ideias e da discussão por mérito é algo impensável
em seus proposites.
Neste aspecto deixo aos meus caros leitores o que foi este ato, ou
decreto, ou ordem, ou imposição, que foi o Ato
Institucional AI 5, e deixo a vocês
que façam as suas próprias conclusões. (Fonte:
Mídi@tiva - Revista Digital / Textos: Roosevelt F. Abrantes, Novembro de 2019)
O Ato Institucional nº 5, AI-5, baixado em 13 de dezembro de 1968,
durante o governo do general Costa e Silva, foi a expressão mais acabada da
ditadura militar brasileira (1964-1985). Vigorou até dezembro de 1978 e
produziu um elenco de ações arbitrárias de efeitos duradouros. Definiu o
momento mais duro do regime, dando poder de exceção aos governantes para punir
arbitrariamente os que fossem inimigos do regime ou como tal considerados.
O ano de 1968, "o ano que não acabou", ficou marcado na
história mundial e na do Brasil como um momento de grande contestação da política
e dos costumes. O movimento estudantil celebrizou-se como protesto dos jovens
contra a política tradicional, mas principalmente como demanda por novas
liberdades. O radicalismo jovem pode ser bem expresso no lema "é proibido
proibir".
Esse movimento, no Brasil, associou-se a um combate mais organizado
contra o regime: intensificaram-se os protestos mais radicais, especialmente o
dos universitários, contra a ditadura. Por outro lado, a "linha dura"
providenciava instrumentos mais sofisticados e planejava ações mais rigorosas
contra a oposição.
Também no decorrer de 1968 a Igreja começava a ter uma ação mais
expressiva na defesa dos direitos humanos, e lideranças políticas cassadas
continuavam a se associar visando a um retorno à política nacional e ao combate
à ditadura. A marginalização política que o golpe impusera a antigos rivais -
Carlos Lacerda, Juscelino Kubitschek, João Goulart - tivera o efeito de
associá-los, ainda em 1967, na Frente Ampla, cujas atividades foram suspensas
pelo ministro da Justiça, Luís Antônio da Gama e Silva, em abril de 1968.
Pouco depois, o ministro do Trabalho, Jarbas Passarinho, reintroduziu
o atestado de ideologia como requisito para a escolha dos dirigentes sindicais.
Uma greve dos metalúrgicos em Osasco, em meados do ano, a primeira greve
operária desde o início do regime militar, também sinalizava para a "linha
dura" que medidas mais enérgicas deveriam ser tomadas para controlar as
manifestações de descontentamento de qualquer ordem. Nas palavras do ministro
do Exército, Aurélio de Lira Tavares, o governo precisava ser mais enérgico no
combate a "ideias subversivas". O diagnóstico militar era o de que
havia "um processo bem adiantado de guerra revolucionária" liderado
pelos comunistas.
A gota d'água para a promulgação do AI-5 foi o pronunciamento do
deputado Márcio Moreira Alves, do MDB, na Câmara, nos dias 2 e 3 de setembro,
lançando um apelo para que o povo não participasse dos desfiles militares do 7
de Setembro e para que as moças, "ardentes de liberdade", se recusassem
a sair com oficiais.
Na mesma ocasião outro deputado do MDB, Hermano Alves, escreveu uma
série de artigos no Correio da Manhã considerados provocações. O ministro do
Exército, Costa e Silva, atendendo ao apelo de seus colegas militares e do
Conselho de Segurança Nacional, declarou que esses pronunciamentos eram
"ofensas e provocações irresponsáveis e intoleráveis".
O governo solicitou então ao Congresso a cassação dos dois deputados.
Seguiram-se dias tensos no cenário político, entrecortados pela visita da
rainha da Inglaterra ao Brasil, e no dia 12 de dezembro a Câmara recusou, por
uma diferença de 75 votos (e com a colaboração da própria Arena), o pedido de
licença para processar Márcio Moreira Alves.
No dia seguinte foi baixado o AI-5, que autorizava o presidente da
República, em caráter excepcional e, portanto, sem apreciação judicial, a:
decretar o recesso do Congresso Nacional; intervir nos estados e municípios;
cassar mandatos parlamentares; suspender, por dez anos, os direitos políticos
de qualquer cidadão; decretar o confisco de bens considerados ilícitos; e
suspender a garantia do habeas-corpus.
No preâmbulo do ato, dizia-se ser essa uma necessidade para atingir os
objetivos da revolução, "com vistas a encontrar os meios indispensáveis
para a obra de reconstrução econômica, financeira e moral do país". No
mesmo dia foi decretado o recesso do Congresso Nacional por tempo indeterminado
- só em outubro de 1969 o Congresso seria reaberto, para referendar a escolha
do general Emílio Garrastazu Médici para a Presidência da República.
Ao fim do mês de dezembro de 1968, 11 deputados federais foram
cassados, entre eles Márcio Moreira Alves e Hermano Alves. A lista de cassações
aumentou no mês de janeiro de 1969, atingindo não só parlamentares, mas até
ministros do Supremo Tribunal Federal. O AI-5 não só se impunha como um
instrumento de intolerância em um momento de intensa polarização ideológica,
como referendava uma concepção de modelo econômico em que o crescimento seria
feito com "sangue, suor e lágrimas".
Abrantes F. Roosevelt, 02 de Novembro de 2019
ResponderExcluirOlá, tudo bem?
Olha eu aqui de volta,meu caro😊
Uma pequeno trecho que resume a realidade da atual política brasileira e mais uma vez estamos repetindo erros do nosso passado não tão distante.
"Há hoje no Brasil a instalação de um mini- feudo, uma espécie de reinado familiar, que a seu modo dita as regras novas, mais com o mesmo artificio..."
A ditadura militar foi um período tenebroso e marcado pela violência, censura e vivenciado o lado obscuro do poder, que justificam seus meios para consegue seus alvos.
Um texto provocador e bem direito nos faz refletir que é necessário não nos calar e não podemos voltar para o passado e devemos resistir e continuar resistindo!
Precisamos unir forças e percebemos que nos que elegemos mas também podemos retirar em que um breve momento a grande parcela da população pensou seria a mudança ...mas infelizmente só mais que tentar utilizar a crise ao seu próprio benefício e combater as formas de violência são necessárias e não podemos ficar neutro nessas situações.
Obrigada pelo artigo bem argumentando e deixando bem claro a sua posição diante do cenário político que afetam a todos e possamos entender que a mudança começa em nós mesmos e depois se espalhar.
Será ainda há tempo para mudar as coisas?
Deixo minha questão para você.