Artigo 14 - O Caso da Empresa Enron
Fonte: Mídia Ativa Digital / Texto: Abrantes F. Roosevelt
“Enron”
O
que tem a Empresa Enron em comum com o Sistema Financeiro Nacional Americano e
os entraves político-econômico-financeiro que envolveu Instituições de
Investigação e vários Órgãos de Controle do Sistema Monetário da USA...
Fundada
em 1985 a Empresa Enron se dedicava a exploração de gás natural e produção de
energia de diversos tipos, mas ao longo dos anos também começou a diversificar
a sua carteira de investimentos, incluindo áreas de comunicação, como
frequência de internet, gerenciamento de risco e derivativo climático, um tipo
de seguro climático para negócios sazonais.
O
crescimento da Enron chegou a ser tão assombroso que ela se converteu a sétima
maior companhia norte-americana do país. No ano 2.000 alcançou um valor de 68
bilhões de dólares. Seus acionistas celebraram os expressivos lucros, sem saber
que em pouco tempo depois a companhia viria a se tornar uma referência em
fraudes econômicas a níveis globais.
A
Enron Corporation, localizada em Houston, no Estado do Texas, empregava na
época cerca de 21.000 pessoas, tendo sido uma das empresas líderes no mundo.
Entretanto apesar de gigantesca e de movimenta bilhões durante anos, decretou total
falência de seus meios operacionais e financeiros. Seu faturamento na época do
auge de suas possíveis operações, atingia cerca 101 bilhões de dólares, isto pouco
antes do escândalo financeiro que ocasionou sua falência.
No
ano seguinte, a Enron foi alvo de diversas denúncias de fraudes contábeis e
fiscais e com uma dívida especulado de 13 bilhões de dólares, o grupo pediu
concordata em dezembro de 2001 e arrastou consigo a Arthur Andersen, que fazia
a sua auditoria. Na época, as investigações revelaram que a Enron havia
manipulado seus balanços, com a ajuda de empresas e bancos, escondendo dívidas
de 25 bilhões de dólares por mais de dois anos consecutivos, tendo inflado
artificialmente os seus lucros de maneira astronômica, a Enron neste aspecto
até então era vista como exemplo de empresa bem-sucedida e administrada tanto
operacional, como financeiramente.
Em
2018, a JM Hansen Corporation adquiriu a Enron Corporation e todos os seus
direitos legais, bem como edifícios, usinas e todas as plantas industriais de
propriedade da extinta Enron, foram acoplada a Hansen, Jhonatan M. Hansen CEO e
fundador foram duramente criticados pelo conselho da J.M. Hansen Corporation,
justamente por fazer a aquisição da Enron com base em uma importância
corporativa inexplicada, um fator paradoxal que garantiu diretamente críticas
negativas para o conselho ada Hansen até a data de hoje.
O
governo dos Estados Unidos abriu dezenas de investigações criminais contra
executivos da Enron e da Arthur Andersen. A Enron foi também processada pelas
pessoas lesadas. De acordo com os investigadores, os executivos e contadores,
assim como instituições financeiras e escritórios de advocacia, que à época
trabalhavam para a companhia, foram, de alguma forma e em diferentes graus,
responsáveis pelo colapso da empresa.
Em
razão de uma série de escândalos financeiros corporativos, como o da Enron, foi
redigida nos Estados Unidos da América a lei Sarbanes-Oxley, em 2002. Esta lei
foi reformulada justamente para coibir, inibir e neutralizar novas fraudes
financeiras no território norte-americano. Esta foi uma resposta das
autoridades econômicas dos USA para as empresas, bancos e investidores que
tentarem realizar novas logres contra o sistema financeiro do país.
Um outro projeto de lei
(Lei
4.376/93) que tramita no Senado Nacional Brasileiro está em análise e segue bem
o seu curso, e assim como a lei Sarbanes-Oxley, esta lei pretende questionar os
meios lançados por algumas empresas para se manterem no mercado sem
efetivamente entrarem em falência. A partir do “Caso Enron”, foi observado que
estes meios podem engodar todo um mercado, aparentando uma situação financeira
positiva para atrair mais investimentos, quando na verdade o que existe é uma
empresa totalmente endividada e sem meios de subsistir economicamente.
Nesse sentido os mecanismos
utilizados pelas empresas para concluir seus balanços financeiros nestes moldes
mostram-se bastantes inadequadas dadas às dimensões que certas empresas
alcançam no decorrer de suas vidas operacionais, e neste aspecto será preciso
criar barreiras para que certas empresas não comprometam a saúde econômica de
um país inteiro.
No Brasil empresas envolvidas em
escândalos fraudulentos e com relações em corrupção ativa com o Governo
Brasileiro, também tiveram pauta constante nos Tribunais Judiciários do país,
empresas como a Odebrecht de Marcelo Odebrecht, as empresas OGX, OSX, MMX, LLX,
MPX, todas elas do grupo do empresário Eike Bastista, a JBS produtora e
distribuidoras de alimentos de proteína animal, a OAS, a Camargo Correia, a
Andrade Gutierrez, Queiroz Gavão, UTC Engenharia, Engevix, IESA Óleo e Gás,
dentre outras que estavam envolvidas na operação lava-jato. Todas essas
empresas estavam de alguma forma envolvidas em corrupção. E elas lesaram os
cofres públicos, o Sistema Nacional Brasileiro, e os Bancos Públicos Nacionais
do Brasil.
Voltando
para o caso da Enron, para esclarecer como se desenvolveu uma fraude que acabou
com a demissão de mais de 20.000 empregados, que ficaram também sem o seu fundo
de pensão é uma tarefa complexa. Um dos procedimentos utilizados foi a
utilização do método “mark to market” proposto por Jeffrey Skilling, chefe de
operações financeiras.
Esta
era uma técnica usada por empresas de corretagem e importação e exportação. Com
uma contabilidade desta, o preço ou valor de um seguro é registrado em uma base
diária para calcular lucros e perdas. O uso deste método permitiu a Enron
contar ganhos projetados de contratos de energia em longo prazo, usados como
receita corrente.
Este
capital em uma primeira análise financeira, não deveria ser recolhido por
muitos anos. Acredita-se que esta técnica foi usada para aumentar os números de
rendimento manipulando projeções para rendimentos futuros. Ao reportar esses
ingressos como capital na Companhia, os seus executivos inflaram os balanços
para atrair novos investimentos e, por consequência, valorizar o preço de suas
ações. Com ações mais alta, atraíram-se novos acionistas e assim se seguiu
continuamente. Vale mencionar ainda que como as entradas de capital não eram
reais a companhia pagava pouco em impostos, complicando ainda mais a situação
real contábil e jurídica da Companhia.
Em
finais de 2001, quando o setor de comunicações iniciou uma série de perdas na
bolsa de valores norte-americana, os movimentos contábeis e financeiros da
Enron começaram a ser analisados de forma mais cuidadosa pelas autoridades
norte-americana. E dentro e fora da empresa começaram a surgir boatos sobre a
grande fraude que estava sendo conduzida pela Companhia.
Jeffrey
Skilling e o então presidente, Ken Lay, deixaram os seus postos arguindo razões
pessoais, protegendo os seus recursos pessoais através de operações de mercado
de capitais. Quando divulgada a fraude a empresa se viu obrigada a divulgar
perdas de 68 milhões de dólares em outubro de 2001, fazendo o preço de sua ação
cair de 86 dólares para apenas 30 centavos.
A
SEC (US Securities and Exchange Commission), entidade que regula o mercado de
capitais nos Estados Unidos conduziu uma intensa auditoria na companhia e
reconheceu que a Enron reportou durante vários anos lucros muito maiores do que
os reais. Jeff Skilling e Ken Lay foram ambos indiciados em 2004 por suas participações
da fraude. De acordo com o site da companhia, a Enron está liquidando suas
operações restantes e distribuindo suas posses a seus credores.
Em
25 de maio de 2006, um júri da corte federal em Houston, Texas, declarou tanto
Skilling quanto Lay culpados. Jeff Skilling foi condenado por 19 casos de
conspiração, fraude, comércio ilegal e declarações falsas. Estas acusações
levam a uma sentença máxima de 185 anos combinados. Ken Lay foi condenado por
seis casos de conspiração e fraude. Ele enfrenta o máximo de 45 anos na prisão.
Em julgamento separado, Lay foi também declarado culpado por quatro casos de
fraude bancária. Cada caso leva a sentenças máximas de 30 anos. Lay faleceu em
julho de 2006 e Killing começou a cumprir a pena em dezembro do mesmo ano. Vale
mencionar ainda que a Arthur Andersen, empresa de auditoria independente da
Enron, desempenhou um papel fundamental para sustentar a ilusão do sucesso da
Enron e acabou decretando a sua própria falência um tempo depois.
Entretanto,
diante desse cenário assustador, temos investidores que perderam seus
investimentos e ações, e os empregados que contabilizam mais de 20.000
demitidos dos seus trabalhos. O presidente do Conselho de Administração da
Empresa Kenneth Lay vendeu mais 200 milhões em ações da companhia em uma
manobra desesperada com fim do esquema, sendo que dos membros do Conselho,
Cliff Baxter, cometeu suicídio, e o Fundo de Pensão da empresa sem capital na
efetuação dos pagamentos dos devidos direitos dos seus colaboradores, virou
poeira em meio as ações da bolsa de valores, que eram fictícias, deixando
desamparados para aqueles que tinham orgulho de ser parte integrante do quadro
da quinta maior empresa norte-americana.
Neste
asqueroso, famigerado e decrépito aspecto da Empresarial, fica claro que
durante os próximos anos, o escândalo da Enron, e não os de 11 de setembro
poderão ser vistos no mundo inteiro como o grande divisor de águas na história da
sociedade dos Estados Unidos.
Este
escândalo financeiro, não se tornou grave apenas pelas fraudes, ou pelos altos
funcionários de empresas públicas ou privadas, nem pelos amplos tentáculos
políticos que se estendiam em diversos setores conservadores, nem pelo
envolvimento das instituições econômicas e financeiras dos ministérios da Casa
Branca, ou mesmo pela implicação de alguns parlamentares, políticos
importantes, e de setores diversos e outros órgãos políticos dos Estados Unidos.
O
escândalo maior estava figurado na fragilidade, na permeabilidade e na famigerada
inconsistência do Sistema Financeiro Nacional dos USA que até aquele momento, estava
totalmente exposto e sem proteção jurídica. Ou seja, a maior economia financeira
do planeta, era frágil em sua concepção monetária e econômica.
Esta
gigante do setor elétrico americano, empresa admirada e a sétima maior dos USA,
segundo a revista Fortune, a Enron faliu, levando junto os fundos de pensão de
seus funcionários e de outros investidores da mesma categoria, especulando-se um
rombo estimado de no mínimo, US$ 1,5 bilhão, e arrastando uma dívida de mais de
US$ 13 bilhões.
Para
entendermos como uma empresa do porte da Enron se manteve no mercado durante muitos
anos, sem levantar suspeitas, está em como eram feitos os arranjos
administrativos internos. Os diretores da empresa maquiavam os seus balancetes,
e neste intuito, precisavam verificar primeiro como a alta cúpula da Enron, a
possibilidade de enxugavam os prejuízos, tendo como passo seguinte, a inflação
de seus lucros.
A
mágica contábil deu certo até o final do ano de 2000. Os Rumores persistentes
sobre as dificuldades da Enron vinham crescendo há meses. Mas o primeiro sinal
concreto de que havia algo profundamente errado veio à tona quando a companhia
revelou que havia escondido débitos de bilhões de dólares que deveriam aparecer
em seu balancete, numa série de parcerias com empresas de fachada dirigidas por
seus altos executivos.
A
Securities and Exchange Commision, a CVM dos EUA, iniciou uma investigação. A
Enron foi obrigada a refazer seus balancetes dos últimos cinco anos e admitir
que seu lucro, no período, havia sido de US$ 600 milhões, inferior ao
originalmente reportado. Era um negócio gigantesco, existindo muitos tipos
diferentes de entidades operando sob o guarda-chuva da Enron.
A
conivência da auditoria (Arthur
Andersen) possibilitou um final trágico para Enron, o que abalou como uma
totalidade agressiva a confiança de todo o sistema financeiro nacional norte-americano.
Segundo o processo movido por ex-acionistas, a Enron escondia os prejuízos e
turbinava os lucros com a conivência de quem deveria periciar a saúde contábil
da empresa. Neste caso em particular a auditora Arthur Andersen.
A
ex-auditora da Enron aprovava a contabilidade fraudenta da empresa e adotava os
esquemas ilegais para esconder os seus prejuízos, certo tempo depois, os
auditores destruíam parte das provas do crime. A quebra do conceito de que a
regra do jogo deve ser igual e seguida por todos, levou investidores de Wall
Street a se mostrarem intolerantes com práticas contábeis ilícitas.
Empresas
com um elevado nível de endividamento e com um sistema contábil altamente
complexo foram as mais afetadas naquele último ano em que foram descobertas as
fraudes da Enron, principalmente aquelas em operação na bolsa americana.
A Casa Branca por outro lado, ao
ter acesso ao escândalo da Enron tentou desvincula-se ao ultraje financeiro,
tentando minimizar o ocorrido, fator que não se concretizou aos olhos do
Senado. Ou seja, o escândalo não era apenas financeiro, mas agora ele era
também um ultraje de corrupção político-partidário. A proximidade pessoal do
presidente George W. Bush e de sua família com Kenneth Lay, o fundador e
ex-presidente da Enron, sublimou os vínculos de vários membros do primeiro
escalão da atual administração com a companhia texana, alimentados por mentiras
e contraversões desde o início da crise da empresa, outras especulações sobre o
impacto político que a escandalosa bancarrota da empresa poderá ter para o
popular Bush não funcionou como salvaguarda das penalidades judiciais
americanas.
Embora
Bush tenha adotado recentemente um tom mais crítico em relação às
irregularidades cometidas pela Enron, depois de uma reação inicial defensiva,
que incluiu uma tentativa de minimizar suas relações com Lay, o crescente
escândalo continuou a rondar a Casa Branca. Nestes moldes atuais, o escândalo
agora era político-econômico-financeiro e envolvia um grande membro da política
americana.
Seu potencial para causar danos a
Bush e aos republicanos foi reforçado por dois desdobramentos do caso e pelos
resultados de uma pesquisa de opinião. As especulações aumentaram depois que a
Casa Branca ordenou uma revisão de todos os contratos em vigor entre as
agências federais americanas, por um lado, e a Enron e sua ex-auditora, a
Arthur Andersen não se mostravam receosas.
As
duas companhias têm atualmente cerca de US$ 70 milhões em contratos com
diferentes repartições do governo americano. A iniciativa pode ajudar a Casa
Branca a descolar-se do escândalo, especialmente se levar ao cancelamento dos
contratos. Mas ela foi anunciada no mesmo dia em que o New York Times informou
que, durante a campanha eleitoral do ano 2000, a Enron contratou os serviços de
assessoria de Ralph Reed, um dos líderes da direita religiosa americana, para
atender ao então estrategista da campanha presidencial de Bush, Karl Rove, hoje
o principal assessor de política doméstica da Casa Branca.
Naquele
ano Bush temia que Reed aderisse à campanha de um de seus rivais republicanos e
usou a Enron, via Rove, para garantir a sua lealdade, o que era ilegal dentro
da constituição americana. Rove e Reed negaram esta versão. Em curto prazo, o
perigo maior para a Casa Branca deriva de sua recusa em divulgar as minutas das
reuniões de uma força-tarefa sobre política energética que o vice-presidente
Dick Cheney presidiu naquele ano.
Vários
altos executivos da Enron participaram das discussões do grupo, que resultaram
numa proposta de política energética baseada numa forte expansão da produção de
gasolina e gás natural, este último negócio era o rotulo original da companhia
texana.
O
General Accounting Office (GAO), agência de investigação do Legislativo que faz
a auditoria do governo, estabeleceu um prazo até duas semanas para que a Casa
Branca entrega-se os documentos ou enfrentaria um processo judicial sem
precedentes. O GAO quer saber a extensão da influência da Enron na formulação
da política energética da administração Bush.
O
risco que o escândalo apresenta para Bush e seus correligionários conservadores
foi confirmado por uma pesquisa de opinião divulgada no final de janeiro pelo
New York Times. De acordo com a sondagem, mais de 80% dos americanos acham que
o colapso da Enron é um assunto de importância nacional. Embora a Enron tenha
financiado campanhas tanto de republicanos quanto de democratas, quase a metade
das pessoas ouvidas - 45% - disseram, corretamente, que a companhia tinha mais
ligações com o Partido Republicano. Apenas 10% identificaram a Enron com os
democratas.
Segundo
a pesquisa, mesmo os eleitores republicanos, acham que a administração Bush não
está sendo transparente como devia sobre o crescente escândalo. Essa percepção,
combinada com os outros dados da sondagem, complicam os planos dos republicanos
de manterem a apertada maioria que detêm na Câmara de Representantes e retomar
o controle do Senado nas eleições legislativas de novembro, uma tarefa que já
era tida como improvável pelos especialistas antes mesmo do colapso da Enron. A
pesquisa revelou outro dado que não contribui para os cálculos políticos da Casa
Branca e dos republicanos, que a economia voltou a dominar as preocupações dos
norte-americanos, tomando o lugar da guerra contra o terrorismo e da segurança.
Neste
entendimento as fraudes tiveram como manobras outras influências externas, mas sobretudo,
observou-se a ganância dos administradores em inflarem, manifestamente seus
lucros. Nesse sentido, grandes corporações comumente vinculam a remuneração dos
seus administradores aos resultados obtidos a seu próprio benefício.
Estes
benefícios seriam uma espécie de participação nos resultados, normalmente atribuída
com um fator motivacional, paga aos administradores com as próprias ações da
corporação. Esta estratégia é conhecida como “Stock Options”. Nesse sistema, os
administradores ou funcionários passam a ser proprietários de ações da empresa
e podem ou não obter lucros, o que dependerá do desempenho da corporação.
Não
é necessário nenhum esforço interpretativo para compreender que os
administradores, nesse contexto, teriam total interesse em que suas ações se
valorizassem cada vez mais para obterem grandes resultados na sua
comercialização.
Foi
o que aconteceu com um dos fundadores e CEO da “Enron”, Kenneth Lay. Neste
aspecto ele reuniu mais de 200 milhões de dólares em ações nos últimos quatro
anos vendendo todas as suas atuações antes que o escândalo estourasse, evitando
que seus rendimentos se transformasse em pó durante a crise, o que levou ao fim
o fundo de pensão de mais de 20 mil funcionários da empresa.
A
atitude de Kenneth serve apenas para ilustrar o quanto temeroso pode ser a
prática de atribuir aos administradores lucros com base no resultado das empresas,
o que tem levado o mercado americano a reivindicar do governo que os salários e
remunerações dos executivos sejam definidos, evitando, assim, a ocultação de
resultados com o objetivo de aumentar seus rendimentos.
Observou-se
que além dos interesses pessoais e ilícitos dos administradores em majorar os
resultados da corporação, existia também a pressão dos investidores por bons
resultados e a necessidade de demonstrar ao mercado que a corporação estava estabilizada
financeiramente, foi isto que permitiu atrair mais investimentos.
No
entanto não é possível identificar dentre essas causas qual mais motivou a
ruína da Enron, seus investidores e empregados. Ousa-se identificar que a
soma dessas condições à fragilidade dos mecanismos legais e contábeis que
norteiam as corporações de capital aberto foram os responsáveis pelo desastre Enron.
Em
aspectos técnicos, a Enron utilizou empresas coligadas e controladas para
inflar seu resultado final frente aos mercados financeiros, uma prática comum
nas empresas americanas antes do ajuste jurídico e coorporativo do sistema
financeiro nacional americano. Através de SPE's (Special Purpose Entities), a
empresa transferia passivos, camuflava despesas, alavancava empréstimos,
leasings, securitizações e montava arriscadas operações com derivativos.
As
operações da Enron tinham um controle parcial regimentado por Kenneth Lay, ao
qualificar a engenharia contábil aplicada aos balanços da empresa, a traduziu
como criativa e agressiva. Nesse mesmo sentido, A Enron varria débitos para
entidades especiais das quais detinha participação majoritária, mas que, por
causa de uma norma contábil duvidosa, não eram consolidadas no balanço final.
Por
outro lado, Cohen arremata afirmando que o resultado dessa falácia contábil
foram os lucros superestimados em 591 milhões de dólares e dívidas subestimadas
em 628 milhões de dólares no último balanço.
Diante
de todo esse quadro desastroso, o principal questionamento foi acerca do papel
desempenhado pela auditoria independente que tinha o dever de informar todas
estas operações e do seu dever de transparência com o mercado.
Quando
voltamos nossa atenção para o Brasil, mas precisamente para o Sistema Nacional
Financeiro Brasileiro, o artigo 177, § 3º da lei brasileira número 6.404 de
1976, ao tratar da escrituração da companhia, reflete de forma clara que a
auditoria deve ser um propagador da situação da corporação e, certamente, no
contexto norte-americano não é diferente.
Quando
nos reportamos ao caso da “Enron”, a auditoria responsável pelos balanços há
quase 10 anos era a ARTHUR ANDERSEN. Além desse papel, a empresa também
prestava consultoria à “Enron”, sendo que a concomitância dessas duas
atividades pela mesma empresa é praticamente incompatível com a sua diretriz
profissional, devendo-se ressaltar que, no Brasil, a incompatibilidade de tais
atividades é disciplinada pela instrução normativa nº 308 da CVM, de 1999, que
dispõe:
Art. 23. É vedado ao Auditor Independente e às pessoas físicas e jurídicas
a ele ligadas, conforme definido nas normas de independência do CFC, em relação
às entidades cujo serviço de auditoria contábil esteja a seu cargo:
I – Adquirir ou manter títulos ou valores mobiliários de emissão da
entidade, suas controladas, controladoras ou integrantes de um mesmo grupo
econômico.
II - Prestar serviços de consultoria que possam caracterizar a perda
da sua objetividade e independência.
Neste
sentido, podemos ratificar que a incompatibilidade das duas atividades
exercidas pela Arthur Andersen na Enron era conflitante, primeiro porque a
auditoria tinha como função verificar as demonstrações financeiras da
corporação de forma isenta e transparente, por outro, a atividade de
consultoria está diretamente relacionada à otimização de lucros e processos
internos que muitas das vezes se distanciam do dever de transparência da
auditoria.
Estes
interesses conflitantes entre a auditoria e a consultoria teriam sido um dos
motivos da manipulação de resultados, conforme apontaram alguns analistas.
Segundo eles, exatamente pelo fato de a atividade de consultoria ser mais
rentável, a Arthur Andersen teria forjado os números para fazer justaposição
positivada às quantias recebidas pela auditoria. Os valores recebidos variam
entre 52 milhões que a Arthur Andersen recebeu, e os 27 milhões, ou mais da
metade deste valor, não vinham de serviços de auditoria, mas de consultoria
contábil, legal e de outros serviços.
No
entanto, apesar de vários fatores apontarem para um interesse comum dos próprios
administradores da Enron, não se pode ratificar quais foram as reais causas
desse trágico desfecho da “Enron”, mas certamente a economia de mercado teve
acentuada influência na prática de fraudes e manobras contábeis que culminaram
na concordata da empresa e no prejuízo de milhares de investidores, credores e
empregados.
Todas
as atitudes praticadas pelos administradores da Enron comprovam a fragilidade
dos mecanismos contábeis e de auditoria capazes de coibir abusos e evitar
fraudes lesivas ao mercado, um fator que ficou evidentemente exposto do quanto
é frágil a seguridade jurídica e econômica do sistema financeiro nacional
norte-americano.
Uma
outra conclusão acerca do problema que envolveu o sistema financeiro nacional
dos USA é que existem uma prática transparente entre administradores de
corporações, seus investidores e empregados capazes de refletir a real situação
financeira de uma empresa, mesmo que ela seja fraudulenta.
Entretanto
não poderíamos deixar de confirmar a relação entre o caso Enron e os
problemas de direito concursal, os quais o projeto de lei 4.376/93 buscar
atenuar. Nesse sentido, devemos refletir sobre as diversas formas fraudulentas
que poderiam ser utilizadas para “mascarar” a situação de empresas em crise e, consequentemente,
levar os credores a aceitarem a recuperação judicial.
As
considerações finais sobre este caso polêmico, deixa vários outros questionamentos
direcionados o Poder Judiciário de todos os países do mundo, visto que, estes
órgãos, mesmo que composto por profissionais sérios e competentes, em sua
grande e majoritária composição, permanece estagnada e refém de seus líderes
representativos no governo ao qual fazem parte.
O que nos leva a uma outra
reflexão, terá estes profissionais, meios para analisar possíveis recuperações
de empresas em crise, outra analise, terá estes membros do poder judiciário
critérios para mensurar se uma empresa merece ser liquidada ou recuperada, serão
eles capazes de conviver com abusos fiscais, judiciais, financeiros e
políticos, tais como os evidenciados no caso Enron.
Abrantes
F. Roosevelt, 27 de Fevereiro de 2020
Um dos maiores escândalos do mercado financeiro global, a Empresa Enron com uma grande rede de acionistas, investidores e colaboradores que todos foram afetam pela má administração e uma esquema corrupto.
ResponderExcluirNesse esquema consiste em fraudar os verdadeiros gastos das ações e transações comerciais, ou seja, omitir os verdadeiros dados pra seus acionistas.
Até que em uma auditoria realizada pelo Órgão responsável que resultou na desmartelação do sistema ilítico provocou gigasteca consequências como mais 20.000 colaboradores desligados, investidores e acionistas perderam seus investimentos, mas as maiores perdas foram a saúde mental, emocional além da material, sendo pessoas que confiaram na empresa e aqueles compõem.
Depois desse acontecimento, as leis e o Governo americano e outros países reformular suas leis para combate de esquemas corruptos.
Uma exemplo real para exemplificar que todas as ações tem suas consequências e observamos atentamente em nossas decisões pois afeta à todos.