Artigo 20 - O Racismo Estrutural dentro das Empresas Brasileiras


Fonte: Mídia Ativa Digital / Texto: Abrantes F. Roosevelt



O Racismo Estrutural dentro das Empresas Brasileiras


O discurso de ódio racial deixou de ser apenas uma equivalente no cenário social analisada somente do ponto de vista civil das vidas das pessoas, sendo observada também na vivencia e no funcionamento que rege as empresas brasileiras. 

O racismo estrutural é uma triste realidade na vida dos brasileiros, e os seus tentáculos alcançam facilmente as forças de produção de riquezas da nosso país, agindo como um viés separador e determinante na definição de quem pode vim a ser rico ou tornasse pobre no Brasil, uma casta elitizada que promove o privilegio de alguns poucos, massacrando milhares de outros cidadãos. 

O ano de 2020 foi mesmo algo muito atípico e nebuloso para a espécie humana, não somente pela crise sanitária da Covid 19 (Corona Vírus) que adoeceu e matou milhões de pessoas pelo mundo, mas pelas fortes revelações de desigualdades sociais e cruéis exposições de uma grave crise humanitária que durante séculos, apodrecem e destrói a algum tempo toda organização da sociedade moderna. 

Os últimos fatos abrangendo empresas nacionais e internacionais em território brasileiro envolvendo casos de intolerância, egoísmos, individualismo, agressões, violência, ataques, injuria racial, racismos, e até assassinatos contra a comunidade negra, “para não falar de genocídio”, um fato que se mostra a cada dia uma verdade realizada pelo brasil a cada noticia e denuncia relatada pelos jornais. 

Algumas empresas que de certa forma protagonizaram recentemente cenas de discriminação e racismos, veem vergonhosamente mobilizaram no final deste triste 2020, um falso protagonismo em favor da luta contra o racismo. Um imbróglio narcisista norte americano-europeu que apenas vem tentando aproveita-se dos acontecimentos para ganhar mais dinheiro e visibilidade à custa da causa negra. 

Um seguimento de causa que meia dúzia de empresas no Brasil veem estabelecendo como possíveis cotas, ou vagas sobressalentes de reparação social e ou racial para diminuir o impacto de uma realidade perene e devastadora que a muito tempo está enraizada nos setores de recursos humanos de milhares de empresas pelo mundo afora, inclusive no Brasil, posicionamentos que apenas promovem discursos separatistas e distanciamento social. 

A maior polemica envolvendo este tema (racismos estrutural dentro das empresas brasileiras) está justamente na questão da seletividade orientada pela eleição de funcionários escolhidos pela aparência e pela raça, algo talvez imposto não somente pelos donos do capital (ou os donos das empresas), mas pela imposição estrutural racista que existe até hoje em várias camadas da sociedade brasileira, homens e mulheres brancas (gestores ou empresários) que ditam as regras do que é socialmente aceito e correto por sua própria estrutura sistêmica e ideológica, uma elite branca, rica e dona dos meios de comunicação, donas do poder político, donas do poder econômico e donas dos meios e modos de produção e geração de riquezas no país. 

A discriminação social, o racismo sistêmico, e o segregacionismo estrutural que hoje é filmada pelas câmeras de segurança, pelos celulares de particulares e pela própria imprensa nacional e internacional, denuncia um forte movimento racista que se arrasta a mais de 500 anos no Brasil e no mundo. 

Um discurso de ódio que evidencia as inúmeras mazelas sociais e raciais notadas mais nitidamente em abordagens policiais, no acesso a bens de consumo e serviços, na falta de uma educação de qualidade e na obtenção de um emprego digno, justo e bem remunerado. 

Algo que se reflete e é bem ressaltado na ausência de referências negras existentes hoje boa parte dos comerciais e propagandas, em personagens de livros infantis, em heróis das revistas em quadrinhos, na teledramaturgia das novelas, em livros didáticos e em cargos de liderança e de tomada de decisões. 

Um reflexo doentio de uma sociedade xenofóbica, genocida, individualista e segregadora, resquícios de uma nação dúbia nação colonizada, explorada, podre e racista. 

O número de pessoas negras estabelecidas em cargos direção, ou que estão trabalhando em posições de liderança, ou que estão em setores de alto poder de decisões, representam um volume extremamente ínfimo ou quase inexistente em todos ambientes empresariais públicos ou privados. Um fato que corrobora e alimenta a manutenção da estrutura racista. 

Um discurso de ódio racial que envasa o convívio produtivo das empresas brasileiras. Fato que fica mais evidente, quando observamos o perfil de preferência dos empregadores na atuação de suas contrações dirimidas a efetivação de funcionários e estagiários. 

As empresas brasileiras promovem mais do que nunca um forte processo de branqueamento de seus postos de trabalho, querendo torna mais uma vez o homem, através da fome, da falta de moradia e da subsistência financeira, eleger um novo escravo parido de sua condição social. 

Um processo macabro que atribui a raça branca uma reserva vitalícia de vagas no setor empresarial, permitido a elite branca e abastada, possuir determinadamente mais privilégios do que sacrifícios. Uma amostra quantitativa e perniciosa do quanto é cruel e nefasto o sistema capitalista contemporâneo, que hoje oprimem mais da metade de uma população autodeclarada negra e majoritária no país (uma maioria que não tem participação nos direcionamentos representativos do país), que resiste e trava batalhadas contra este sistema estrutural racista. 

Um triste discurso de ódio racial que vem permeando e conquistando cada vez mais novos núcleos empresariais brasileiros, um embolo que se faz presente e vivo no mais íntimo e tímido recém-nascido brasileiro que foi concebido no dia de hoje (16/12/2020), um bebê branco que poderá crescer com mais privilégios do que um bebê negro. Uma sociedade brasileira que oprimi os seus cidadãos desde do berço, e que também se fará hodierna amanhã nas milhares de empresas privadas e órgãos públicos, possivelmente como chefe branco de um adulto negro. 


Abrantes F. Roosevelt, 20 de Dezembro de 2020


Comentários

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  2. Diante dessa pandemia que estamos vivendo em escala global observamos as estruturas sociais, econômicas e culturais mudando tragicamente.
    Vemos a dualidade das ações de cada governo e é alarmante o cenário que mostrar que as classes menos desfavoráveis irão sofrer mais o impacto, vemos nisso muitas vezes de forma apática sem atitude. Os cidadãos que parecem mendigar direitos estão garantidos na Constituição como direitos essenciais e sociais.
    Se houver o combate desses asnos do mundo globalizado citados no texto e movimento para mexer as estruturas do sistema capitalismo que privilegiar juntamente uma parte pequena que exercem grande influência em que vestimos, em nossas escolhas com a rotulagem desses padrões.
    Nesse capítulo da história que passamos é importante à reflexão, a busca do autoconhecimento e reforma íntima e buscamos estabelecer metas e objetivos e ressignificação de tudo.
    É a quebra de paradigmas e mudança de mentalidade e nesse isolamento social requer duplamente esforço, disposição e persistência de cada um de nós,Pois vamos passar essa etapa...Mas A questão como vamos passar?
    Passar com mais humanidade, respeito a si mesmo e ao próximo e principalmente a Mãe Natureza que à bastante tempo não cuidamos dela como deveríamos e nossas as ações e atitudes geram consequências.
    Esperamos que esse momento crucial da nossa espécie rever tudo aquilo já fizermos e sinceramente essa mudanca seja real para dias melhores para futuras gerações...Sim, confesso meu ponto de esperança ainda mantê-lo vivo dentro de mim..
    Esse texto trazem diversidade de temas para debater são necessários e agradeço mais uma vez em compartilhar conosco a sua opinião e possamos ver essas mudanças juntos.
    Receba meu abraço virtual!
    Obrigada😊

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