Artigo 75 - A Importância da Alquimia para a Humanidade

Fonte: Mídia Ativa Digital / Texto: Abrantes F. Roosevelt


A Importância da Alquimia para a Humanidade


A origem da Alquimia é incerta, embora alguns estudiosos acreditam que já era praticada em Alexandria, no Egito Antigo, por volta do século III a.C. e permaneceu como a principal ciência da Idade Média (séculos V ao XV). No entanto, a Alquimia chinesa pode ser uma das mais antigas, com vestígios dessa prática em 4500 a.C. Para alguns estudiosos, na língua árabe, o termo “Alquimia” (Al-Khemy) significa “química”.

Na Idade Média, os estudos alquímicos avançaram por meio da observação da natureza, experimentos, procedimentos químicos, utilização de materiais, instrumentos e aparelhos. Esses fatores foram fundamentais para o desenvolvimento das ciências naturais modernas.

Os egípcios desenvolveram técnicas de manipulação de metais e embalsamento de corpos. Mais tarde, foi associada aos conhecimentos greco-romanos e árabes, até chegar na Europa. Sendo assim, a Alquimia foi precursora da Química e da Medicina.

No Egito, os principais alquimistas foram Hermes Trismegisto; na China destacou-se Fu Xi; e na Arábia Al Ghazali. Entre os alquimistas europeus mais destacados estão: Alberto Magno, Tritemo, Khunrath, Eliphas Levi.

Ao contrário do que é divulgado, a Alquimia era praticada por vários membros da Igreja Católica. Inclusive, o papa João XXII havia estudado Alquimia antes de sua ordenação sacerdotal e, em 1317, lançou um decreto papal condenando os falsos alquimistas, aqueles que enganavam a população prometendo riqueza fácil.

Por isso, a fim de se resguardar, a linguagem dos alquimistas se tornou cada vez mais indecifrável. Para garantir que as informações fossem bem utilizadas, criaram-se símbolos e termos que estariam acessíveis somente aos iniciados. Dessa maneira, a prática da Alquimia torna-se cada vez mais secreta.

E com a implantação do Tribunal do Santo Ofício (mais conhecido como Inquisição) em certas regiões da Alemanha, Suíça, França e Espanha, a Alquimia passa a ser confundida com práticas consideradas obscuras pela Igreja Católica.

Neste período observamos que a perseguição e a condenação a vários sábios que apenas estavam investigando elementos químicos foi brutalmente intensificada. Nessa altura, os alquimistas foram excomungados, presos e queimados na fogueira.

A alquimia é uma prática de caráter místico que floresceu durante a Idade Média reunindo ciência, arte e magia. Um de seus principais objetivos foi obter o elixir da vida, a fim de garantir a imortalidade e cura das doenças do corpo. Outra importante busca foi a criação da pedra filosofal, com o poder de transformar metais comuns em ouro.

Praticada por diversos povos antigos (árabes, gregos, egípcios, persas, babilônios, mesopotâmicos, chineses, etc.), a alquimia está associada à conhecimentos da Medicina, Metalurgia, Astrologia, Física e Química. Muitas das civilizações que a praticavam, criaram códigos e símbolos secretos alquímicos.

Os alquimistas contribuíram para o desenvolvimento de diversas técnicas, embora não explicassem como os fenômenos ocorriam. Até hoje ela possui um papel importante, sendo considerada fundamental para o desenvolvimento das ciências, sobretudo da Química.

A Alquimia ocidental permaneceu sempre obcecada em criar um metal nobre a partir de metais comuns. A Pedra Filosofal (chamada de “Grande Obra” ou “Medicina Universal”) foi o principal objetivo dos alquimistas, principalmente no período da Idade Média.

Estes químicos antigos previam que a partir de experimentos com os quatro principais elementos da natureza (terra, ar, água e fogo) e diversos metais, a descoberta de uma substância mística capaz de transformar qualquer elemento em ouro poderia trazer explicações e resultados sobre-humanos para a existência do homo sapiens.

Os alquimistas acreditavam firmemente (ou fielmente) na potencialidade química e magica destes quatro elementos básicos da natureza: A Terra, o Ar, a Água e o Fogo. Segundo os alquímicos todos os metais evoluem até se tornar ouro, devido a esse pensamento os alquimistas buscavam acelerar este processo em laboratório por meio de experimentos com os quatro elementos.

 

Principais Elementos Da Natureza Para Os Alquímicos

 

Elementos Alquímicos

 

 

N°

 

Elementos

 

 

Características

01

Terra

Ligado ao plano físico da vida

02

Ar

Ligado ao plano espiritual da vida

03

Água

Ligado ao movimento da vida

04

Fogo

Ligado a transformação da vida

Fonte: Internet / Texto: Roosevelt F. Abrantes

 

Mas para os alquimistas, a existência dos “Quatro Objetivos” principais para a sua prática cientifica era o norte que os guiaria para a obtenção da perfeição do desenvolvimento humano. A sua evolução máxima como ser biológico e espiritual. Um deles seria a "Transmutação dos Metais” inferiores em ouro; o outro a obtenção do "Elixir da Longa Vida", um remédio que curaria todas as doenças, até a pior de todas (a morte), e daria vida longa àqueles que o ingerissem. E ambos os objetivos poderiam ser conseguidos ao obter “A Pedra Filosofal”, uma substância mística.

O terceiro objetivo era “Criar Vida Humana Artificial, “Os Homunculus”. O quarto objetivo era fazer com que a “Realeza Conseguisse Enriquecer Mais Rapidamente”, este último talvez unicamente para assegurar a sua existência, não sendo um objetivo filosófico.

É reconhecido que, apesar de não ter caráter científico, a alquimia foi uma fase importante na qual se desenvolveram muitos dos procedimentos e conhecimentos que mais tarde foram utilizados pela química moderna.

Os Alquimistas também mantinham rituais místicos como a Cabala e a Magia em alguns dos seus processos químicos de transmutação e transformação. Os principais objetivos para os alquimistas neste caso em especifico eram: 1- Transmutação: transformar metais comuns (chumbo, cobre) em metais preciosos, como ouro ou prata; 2 - Medicina: criar um elixir, uma poção ou um metal capaz de curar todas as doenças; 3 - Transcendência: descobrir um elixir que conduziria à imortalidade.

Estes três principais objetivos e princípios alquímicos tinham uma percepção e significação ainda mais pessoal, individual, transcendental, espiritual, harmônica e até existencial para os alquimistas. Um idealismo um pouco apartado, meio distinto e fragilmente diferenciado dos quatro principais objetivos relatados anteriormente em relação aos interesses da realeza.

 

Principais Objetivos dos Alquímicos

 

Objetivos dos Alquímicos

 

 

 

Elementos

 

Características

 

01

Transmutação

Transformar metais comuns (chumbo, cobre) em metais preciosos, como ouro ou prata;

02

Medicina

Criar um elixir, uma poção ou um metal capaz de curar todas as doenças;

03

Transcendência

Descobrir um elixir que conduziria à imortalidade.

Fonte: Internet / Texto: Roosevelt F. Abrantes

 

E além da transmutação dos metais inferiores em ouro e da obtenção da chave para a imortalidade (elixir da longa vida), os alquimistas estavam empenhados na descoberta da pedra filosofal, a qual iria desencadear as demais buscas dos alquimistas. Nos laboratórios desses cientistas não se via só as experiências químicas, mas também uma série de rituais mágicos e sobrenaturais (Magia, Misticismo e Cabala).

A ideia da transformação de metais em ouro, acredita-se estar diretamente ligada a uma metáfora de mudança de consciência. A pedra seria a mente "ignorante" que é transformada em "ouro", ou seja, sabedoria. Esses estudiosos procuravam principalmente a busca pelo "Elixir da Longa Vida" e a "Pedra Filosofal".

Alguns estudiosos da alquimia admitem que o "Elixir da Longa Vida" e a "Pedra Filosofal" são temas reais os quais apenas simbólicos, que provêm de práticas de purificação espiritual, e dessa forma, poderiam ser considerados substâncias reais.

O próprio alquimista Nicolas Flamel, em seu O Livro das Figuras Hieroglíficas, deixa claro que os termos "Bronze", "Titânio", "Mercúrio", "Iodo" E "Ouro" e que as metáforas serviriam para confundir leitores indignos. Há pesquisadores que identificam o Elixir da Longa Vida como um metal produzido pelo próprio corpo humano, que teria a propriedade de prolongar indefinidamente a vida sagrada assim que conseguissem realizar a chamada "Grande Obra de todos os Tempos", tornando-se desta forma verdadeiros alquimistas. Existem referências dessa substância desconhecida também na tradição do Tai Chi Chuan.

E para a maioria dos alquimistas, todos os metais evoluíam até atingirem o estado de perfeição: o ouro. E de tal modo, se considerarmos a Pedra Filosofal um conceito metafórico, ela estaria associada à busca espiritual de lapidação da alma humana. A evolução individual, pessoal e espiritual.

A Alquimia chinesa concentrou seus esforços na cura e na salvação, desenvolvendo esses dois aspectos na busca pela imortalidade. Baseado em princípios doutrinários, como o Taoismo, a ideia foi criar um elixir da imortalidade para alcançar a vida eterna e curar todos os males. No ocidente, o desenvolvimento de um elixir também começou a ser buscado, aparentemente de forma independente, mas com o mesmo objetivo.

 

Os Principais Alquimistas da Historia

Os alquímicos são os cientistas que utilizaram os procedimentos de alquimia para processar, manipular e transmutar elementos químicos. Entre tantos alquimistas abaixo são considerados grandes sábios, dos quais foram destaques na história:

 

 

Principais Alquímicos

 

 

 

Alquimistas

 

 

Período

01

Maria, a Judia (séc. II a.C): alquimista e filósofa grega

Séc. II a.C

02

Nicolas Flamel (1340-1418): alquimista e escrivão francês

1340-1418

03

Caterina Sforza (1463-1509): alquimista italiana

1463-1509

04

Paracelso (1493-1541): alquimista, médico e astrólogo suíço alemão

1493-1541

05

Marie Meurdrac (1610-1680): alquimista e química francesa

1610-1680

06

Conde de St. Germain (1712-1784): alquimista, ourives e músico romeno

1712-1784

07

Alessandro Cagliostro (1743-1795): alquimista e maçom italiano

1743-1795

08

Fulcanelli (1839-1953): alquimista francês

1839-1953

09

Eugène Léon Canseliet (1899-1982): alquimista francês

1899-1982

Fonte: Internet / Texto: Roosevelt F. Abrantes

 

A importância da alquimia para o mundo moderno é hoje uma das maiores contribuições para a ciência. Alguns pesquisadores acreditam que a Alquimia não visava tão somente a transformação de substâncias químicas em outras mais nobres e valorosas, ou seja, seu objetivo ia muito além do caráter financeiro ou existencial, ou seja, trabalhando como “proto-ciência”.

Nesse sentido, a Alquimia foi importante para a transmutação dos valores e crescimento espiritual em harmonia com a natureza. Na China, as investigações dos alquimistas levaram ao domínio de muitas técnicas de Metalurgia e a descoberta da pólvora. O progresso no oriente e no ocidente foi notório, tanto no conhecimento quanto na utilização de substâncias minerais e vegetais.

Sendo assim, percebemos que a busca dos alquimistas estava concentrada em desvendar os mistérios associados à alma humana e sua existência no mundo. E com isso, demonstrou ser um importante passo para o desenvolvimento intelectual e uma etapa para a evolução humana.

A necessidade de entender a relação entre o ser humano, a natureza e os fenômenos fez com que a Alquimia se tornasse uma prática importante no desenvolvimento do conhecimento e técnicas que seriam posteriormente utilizados na Química moderna.

Os alquimistas, com o intuito de encontrar a pedra filosofal e o elixir da vida, tiveram papel fundamental na criação de inúmeros aparelhos de laboratório, que foram gradualmente aperfeiçoados.

Nessa busca, foram desenvolvidos processos de produção de metais, sabões, e inúmeras substâncias químicas, como o ácido nítrico, ácido sulfúrico e hidróxido de potássio. Os alquimistas deixaram suas marcas com os experimentos realizados e as muitas descobertas abriram caminho para Química. Entretanto, as ideias que sustentavam a Alquimia foram abandonadas por volta do século XVIII, época em que se considera o início da Química moderna.

Um aspecto interessante das descobertas químicas que relacionam essa ciência com a alquimia foi a descoberta da radioatividade. Durante muitos séculos os alquimistas trabalharam arduamente para transformar chumbo em ouro, e hoje sabemos que o urânio, um elemento radioativo, emite radiações naturalmente e se transforma em chumbo. Isso mostra que um elemento pode se transformar em outro, apenas não do jeito que os alquimistas queriam ou desejam processar.

O desenvolvimento da Química como ciência continua só aumentando ao longo dos anos. E se considerarmos que o marco para o surgimento da Química como ciência experimental se deu com os trabalhos de Lavoisier, vemos que a Química tem pouco mais de 200 anos, é uma Ciência relativamente nova.

Abrantes F. Roosevelt, 10 de Março de 2022


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