Artigo 75 - A Importância da Alquimia para a Humanidade
A Importância da Alquimia para a Humanidade
Na Idade Média, os estudos
alquímicos avançaram por meio da observação da natureza, experimentos,
procedimentos químicos, utilização de materiais, instrumentos e aparelhos.
Esses fatores foram fundamentais para o desenvolvimento das ciências naturais
modernas.
Os egípcios desenvolveram técnicas de manipulação de metais e embalsamento de corpos. Mais tarde, foi associada aos conhecimentos greco-romanos e árabes, até chegar na Europa. Sendo assim, a Alquimia foi precursora da Química e da Medicina.
No Egito, os principais
alquimistas foram Hermes Trismegisto; na China destacou-se Fu Xi; e na Arábia
Al Ghazali. Entre os alquimistas europeus mais destacados estão: Alberto Magno,
Tritemo, Khunrath, Eliphas Levi.
Ao contrário do que é divulgado,
a Alquimia era praticada por vários membros da Igreja Católica. Inclusive, o
papa João XXII havia estudado Alquimia antes de sua ordenação sacerdotal e, em
1317, lançou um decreto papal condenando os falsos alquimistas, aqueles que
enganavam a população prometendo riqueza fácil.
Por isso, a fim de se resguardar,
a linguagem dos alquimistas se tornou cada vez mais indecifrável. Para garantir
que as informações fossem bem utilizadas, criaram-se símbolos e termos que
estariam acessíveis somente aos iniciados. Dessa maneira, a prática da Alquimia
torna-se cada vez mais secreta.
E com a implantação do Tribunal
do Santo Ofício (mais conhecido como Inquisição) em certas regiões da Alemanha,
Suíça, França e Espanha, a Alquimia passa a ser confundida com práticas
consideradas obscuras pela Igreja Católica.
Neste período observamos que a
perseguição e a condenação a vários sábios que apenas estavam investigando
elementos químicos foi brutalmente intensificada. Nessa altura, os alquimistas
foram excomungados, presos e queimados na fogueira.
A alquimia é uma prática de
caráter místico que floresceu durante a Idade Média reunindo ciência, arte e magia.
Um de seus principais objetivos foi obter o elixir da vida, a fim de garantir a
imortalidade e cura das doenças do corpo. Outra importante busca foi a criação
da pedra filosofal, com o poder de transformar metais comuns em ouro.
Praticada por diversos povos
antigos (árabes, gregos, egípcios, persas, babilônios, mesopotâmicos, chineses,
etc.), a alquimia está associada à conhecimentos da Medicina, Metalurgia,
Astrologia, Física e Química. Muitas das civilizações que a praticavam, criaram
códigos e símbolos secretos alquímicos.
Os alquimistas contribuíram para
o desenvolvimento de diversas técnicas, embora não explicassem como os
fenômenos ocorriam. Até hoje ela possui um papel importante, sendo considerada
fundamental para o desenvolvimento das ciências, sobretudo da Química.
A Alquimia ocidental permaneceu
sempre obcecada em criar um metal nobre a partir de metais comuns. A Pedra
Filosofal (chamada de “Grande Obra” ou “Medicina Universal”) foi o principal
objetivo dos alquimistas, principalmente no período da Idade Média.
Estes químicos antigos previam
que a partir de experimentos com os quatro principais elementos da natureza
(terra, ar, água e fogo) e diversos metais, a descoberta de uma substância
mística capaz de transformar qualquer elemento em ouro poderia trazer explicações
e resultados sobre-humanos para a existência do homo sapiens.
Os alquimistas acreditavam firmemente
(ou fielmente) na potencialidade química e magica destes quatro elementos
básicos da natureza: A Terra, o Ar, a Água
e o Fogo. Segundo os alquímicos todos os metais evoluem até se tornar ouro,
devido a esse pensamento os alquimistas buscavam acelerar este processo em
laboratório por meio de experimentos com os quatro elementos.
Principais Elementos Da Natureza Para Os Alquímicos
Elementos Alquímicos |
||
N° |
Elementos |
Características
|
01 |
Terra |
Ligado ao
plano físico da vida |
02 |
Ar |
Ligado ao
plano espiritual da vida |
03 |
Água |
Ligado ao
movimento da vida |
04 |
Fogo |
Ligado a
transformação da vida |
Mas para os alquimistas, a existência
dos “Quatro Objetivos” principais para a sua prática cientifica era o norte que
os guiaria para a obtenção da perfeição do desenvolvimento humano. A sua
evolução máxima como ser biológico e espiritual. Um deles seria a "Transmutação dos Metais”
inferiores em ouro; o outro a obtenção do "Elixir
da Longa Vida", um remédio que curaria todas as doenças, até a pior de
todas (a morte), e daria vida longa àqueles que o ingerissem. E ambos os
objetivos poderiam ser conseguidos ao obter “A Pedra Filosofal”, uma substância
mística.
O terceiro objetivo era “Criar Vida Humana Artificial, “Os
Homunculus”. O quarto objetivo era fazer com que a “Realeza Conseguisse Enriquecer Mais Rapidamente”, este último
talvez unicamente para assegurar a sua existência, não sendo um objetivo
filosófico.
É reconhecido que, apesar de não
ter caráter científico, a alquimia foi uma fase importante na qual se
desenvolveram muitos dos procedimentos e conhecimentos que mais tarde foram
utilizados pela química moderna.
Os Alquimistas também mantinham
rituais místicos como a Cabala e a Magia em alguns dos seus processos químicos
de transmutação e transformação. Os principais objetivos para os alquimistas
neste caso em especifico eram: 1- Transmutação: transformar metais comuns
(chumbo, cobre) em metais preciosos, como ouro ou prata; 2 - Medicina: criar um
elixir, uma poção ou um metal capaz de curar todas as doenças; 3 -
Transcendência: descobrir um elixir que conduziria à imortalidade.
Estes três principais objetivos e
princípios alquímicos tinham uma percepção e significação ainda mais pessoal,
individual, transcendental, espiritual, harmônica e até existencial para os
alquimistas. Um idealismo um pouco apartado, meio distinto e fragilmente
diferenciado dos quatro principais objetivos relatados anteriormente em relação
aos interesses da realeza.
Principais Objetivos dos Alquímicos
Objetivos dos Alquímicos |
||
N° |
Elementos |
Características |
01 |
Transmutação |
Transformar
metais comuns (chumbo, cobre) em metais preciosos, como ouro ou prata; |
02 |
Medicina |
Criar um
elixir, uma poção ou um metal capaz de curar todas as doenças; |
03 |
Transcendência |
Descobrir
um elixir que conduziria à imortalidade. |
E além da transmutação dos metais
inferiores em ouro e da obtenção da chave para a imortalidade (elixir da longa
vida), os alquimistas estavam empenhados na descoberta da pedra filosofal, a
qual iria desencadear as demais buscas dos alquimistas. Nos laboratórios desses
cientistas não se via só as experiências químicas, mas também uma série de
rituais mágicos e sobrenaturais (Magia, Misticismo e Cabala).
A ideia da transformação de
metais em ouro, acredita-se estar diretamente ligada a uma metáfora de mudança
de consciência. A pedra seria a mente "ignorante" que é transformada
em "ouro", ou seja, sabedoria. Esses estudiosos procuravam
principalmente a busca pelo "Elixir da Longa Vida" e a "Pedra
Filosofal".
Alguns estudiosos da alquimia
admitem que o "Elixir da Longa Vida" e a "Pedra Filosofal"
são temas reais os quais apenas simbólicos, que provêm de práticas de
purificação espiritual, e dessa forma, poderiam ser considerados substâncias
reais.
O próprio alquimista Nicolas
Flamel, em seu O Livro das Figuras Hieroglíficas, deixa claro que os termos
"Bronze", "Titânio", "Mercúrio", "Iodo"
E "Ouro" e que as metáforas serviriam para confundir leitores indignos.
Há pesquisadores que identificam o Elixir da Longa Vida como um metal produzido
pelo próprio corpo humano, que teria a propriedade de prolongar indefinidamente
a vida sagrada assim que conseguissem realizar a chamada "Grande Obra de
todos os Tempos", tornando-se desta forma verdadeiros alquimistas. Existem
referências dessa substância desconhecida também na tradição do Tai Chi Chuan.
E para a maioria dos alquimistas,
todos os metais evoluíam até atingirem o estado de perfeição: o ouro. E de tal
modo, se considerarmos a Pedra Filosofal um conceito metafórico, ela estaria
associada à busca espiritual de lapidação da alma humana. A evolução
individual, pessoal e espiritual.
A Alquimia chinesa concentrou seus esforços na cura e na
salvação, desenvolvendo esses dois aspectos na busca pela imortalidade. Baseado
em princípios doutrinários, como o Taoismo, a ideia foi criar um elixir da
imortalidade para alcançar a vida eterna e curar todos os males. No ocidente, o
desenvolvimento de um elixir também começou a ser buscado, aparentemente de
forma independente, mas com o mesmo objetivo.
Os Principais Alquimistas da Historia
Os alquímicos são os cientistas
que utilizaram os procedimentos de alquimia para processar, manipular e transmutar
elementos químicos. Entre tantos alquimistas abaixo são considerados grandes
sábios, dos quais foram destaques na história:
Principais
Alquímicos |
||
N° |
Alquimistas |
Período |
01 |
Maria, a Judia (séc. II a.C): alquimista e filósofa grega |
Séc. II a.C |
02 |
Nicolas Flamel (1340-1418): alquimista e escrivão francês |
1340-1418 |
03 |
Caterina Sforza (1463-1509): alquimista italiana |
1463-1509 |
04 |
Paracelso (1493-1541): alquimista, médico e astrólogo suíço alemão |
1493-1541 |
05 |
Marie Meurdrac (1610-1680): alquimista e química francesa |
1610-1680 |
06 |
Conde de St. Germain (1712-1784): alquimista, ourives e músico romeno |
1712-1784 |
07 |
Alessandro Cagliostro (1743-1795): alquimista e maçom italiano |
1743-1795 |
08 |
Fulcanelli (1839-1953): alquimista francês |
1839-1953 |
09 |
Eugène Léon Canseliet (1899-1982): alquimista francês |
1899-1982 |
A importância da alquimia para o
mundo moderno é hoje uma das maiores contribuições para a ciência. Alguns
pesquisadores acreditam que a Alquimia não visava tão somente a transformação
de substâncias químicas em outras mais nobres e valorosas, ou seja, seu
objetivo ia muito além do caráter financeiro ou existencial, ou seja,
trabalhando como “proto-ciência”.
Nesse sentido, a Alquimia foi
importante para a transmutação dos valores e crescimento espiritual em harmonia
com a natureza. Na China, as investigações dos alquimistas levaram ao domínio
de muitas técnicas de Metalurgia e a descoberta da pólvora. O progresso no
oriente e no ocidente foi notório, tanto no conhecimento quanto na utilização
de substâncias minerais e vegetais.
Sendo assim, percebemos que a
busca dos alquimistas estava concentrada em desvendar os mistérios associados à
alma humana e sua existência no mundo. E com isso, demonstrou ser um importante
passo para o desenvolvimento intelectual e uma etapa para a evolução humana.
A necessidade de entender a
relação entre o ser humano, a natureza e os fenômenos fez com que a Alquimia se
tornasse uma prática importante no desenvolvimento do conhecimento e técnicas
que seriam posteriormente utilizados na Química moderna.
Os alquimistas, com o intuito de
encontrar a pedra filosofal e o elixir da vida, tiveram papel fundamental na
criação de inúmeros aparelhos de laboratório, que foram gradualmente
aperfeiçoados.
Nessa busca, foram desenvolvidos
processos de produção de metais, sabões, e inúmeras substâncias químicas, como
o ácido nítrico, ácido sulfúrico e hidróxido de potássio. Os alquimistas deixaram
suas marcas com os experimentos realizados e as muitas descobertas abriram
caminho para Química. Entretanto, as ideias que sustentavam a Alquimia foram
abandonadas por volta do século XVIII, época em que se considera o início da
Química moderna.
Um aspecto interessante das
descobertas químicas que relacionam essa ciência com a alquimia foi a
descoberta da radioatividade. Durante muitos séculos os alquimistas trabalharam
arduamente para transformar chumbo em ouro, e hoje sabemos que o urânio, um
elemento radioativo, emite radiações naturalmente e se transforma em chumbo.
Isso mostra que um elemento pode se transformar em outro, apenas não do jeito
que os alquimistas queriam ou desejam processar.
O desenvolvimento da Química como ciência continua só aumentando ao longo dos anos. E se considerarmos que o marco para o surgimento da Química como ciência experimental se deu com os trabalhos de Lavoisier, vemos que a Química tem pouco mais de 200 anos, é uma Ciência relativamente nova.
Abrantes F. Roosevelt, 10 de Março de 2022
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