Artigo 54 - A Discriminação no Mercado de Trabalho
E quando olhamos com sensibilidade
para o que acontecem em primeira mão dentro destes conglomerados, como os hospitais,
as delegacias, as empresas, os templos religiosos e as instituições de ensino,
que embora façam um papel importante para a sociedade, estas entidades são as
primeiras a acolherem as saturações de convivência social.
No entanto, estas entidades, apesar de produzem riquezas, formarem opiniões, cuidarem da educação e de remediar atritos, absorvem unilateralmente tudo do que há de pior a nível humano na humanidade, servindo como uma espécie de espelho magico que reflete as primeiras enfermidades, brutalidades e massacres que estão sendo manifestadas em nosso presente ou provisionadas em nosso futuro.
E nesta perspectiva negativa, os
horrores de uma sociedade devem ser despontados antes nestes primeiros ambientes
sociais, estando posteriormente disponíveis a vários vazamentos futuros no
mundo externo, escoando como larva quente em direção ao grande público. Estas
enfermidades sociais são geralmente externalizados como um ensaio teatral, como
um reflexo doentio de um grupo social que precisa ser medicado, tratado e
controlado.
Na minha da turma de faculdade,
observei algo que jamais poderia ver em outro lugar da sociedade. Um miniuniverso
da sociedade em que vivemos e lutamos para sobreviver. Uma selva de pedra,
armada de concreto e aço. Naquele instante notei nitidamente a separação social
de classe, o apartheid de raça, a nivelação de posição societária e a divisão aquisitiva
do poder social subdivida em degraus e níveis.
A nomenclatura daquele desenho
social era algo claro e nítido a base da realidade de alguns poucos corajosos que
se atreviam a cursar no cumprimento finalístico daquele tipo de curso ou
formação acadêmica.
O curso a qual me formei e lutei
para adquirir conhecimento com muita garra, força de vontade e desejo de vencer,
tinha como terminologia: Especialização em MBA de Gestão Financeira e
Controladoria. Mas isso não era o único problema, aquele espaço também possuía
apenas um único negro, um fruto diferente que destoava dos demais da arvore e
este negro era eu mesmo, senti-me um Cris Rock da vida, em todo mundo odeia o
Cris...
Eu era o único que morava em
periferia, andava de ônibus e tinha a cor da pele diferente dos demais
alunos. Eu não tinha nenhum poder
aquisitivo, nome importante, título de origem, ou qualquer conhecido com tal
honras e méritos...
Todos os meus colegas moravam em
bairros chiques e muito caros, eles andavam de carro próprio e comiam em
restaurantes e shopping de alto padrão... E será que eu poderia competir com
esse tipo de gente... A verdade porem é curta, nua e clara.... Todos os meus
colegas brancos estão hoje empregados na área em que nos formamos em abril de
2021, e mesmo nesta crise sanitária de mais de 600 mil mortos.... Eles
conseguiram estágios e bons empregos....
E apesar do meu esforço, meu
estudo, e das melhores notas da turma, ainda estou desempregado.... Neste
aspecto, não foi importante o excelente curso, a eximia instituição, a fabulosa
grade curricular e as minhas muitas experiências no setor de credito e
financeiro.... Para mim infelizmente.... Nada mudou.... Não consigo ingressar
no mercado de trabalho... A regra é
clara para quem morar em periferia, para quem é negro, para quem não é do
bairro tal, da classe social “X” ou do grupo “Y”.... Até por que em todas as
entrevistas que fui... E que me dediquei com êxito....
Tinha apenas gente branca para
avaliar o meu currículo.... E deste daí é que vem o problema.... Gente branca
que não se colocar no lugar ou na mesma empatia de um outro ser humano... Eles
não nos enxergam do jeito certo... Eles não conseguem nos ver como pessoas que possui
a mesmas isonomias que elas possuem em suas vidas.... Estão nitidamente
programadas, formuladas e resertardas em suas mentes mecanizadas e
separatistas....
E não importa o que eu faça, ou como
me comporte, ou como falo.... A prerrogativa é a mesma... E depois de alguns
minutos e de me ouvirem de forma bem curta, a resposta é a mesma... Sr. fulano
de tal..... Entraremos em contato.... E neste interim.... Nem um feedback é
feito como adendo para o meu e-mail.... Os recrutadores que me entrevistaram
fazem as mesmas perguntas... Tais como: Você mora mesmo onde!... Este bairro que
você mora é violento!... Este bairro é perigoso! ... As pessoas ainda conseguem
se formar em seu bairro!.... Como você conseguiu a sua formação!.... Você é o
primeiro da sua família a ter um nível superior!... Fale um pouco da sua
vida!... Voce não pensar em corta essa barba!... Você sempre raspa o
cabelo!.... Acreditem.... Estas perguntas.... Já me foram feitas.... Você é pai
solteiro.... Quem vai cuidar de seu filho.... E Muitas delas... nada tem a ver
com o meu profissional.... Um absurdo....
E todas as minhas entrevistas....
Perguntam muito sobre a minha vida pessoal e pouca sobre a minha vida profissional....
As vezes parece mais um interrogatório de polícia em uma delegacia do que uma
entrevista de emprego.... Eles questionam sobre a minha vida, sobre a minha
aparência, sobre a minha barba, sobre o meu cabelo e até sobre a minha
religião... Existem muitas perguntas sobre informações sensíveis a minha pessoa
e pouco sobre a minha experiência profissional, formação acadêmica e
produtividade...
No final de todo este
questionamento, ficam algumas outras perguntas suspensas no ar.... Não sei ao
certo... Mais boa parte disso me parece preconceito, racismo, xenofobia,
discriminação e outras fobias.... Faz algum tempo que isso vem cheirando a
preconceito velado.... Ou seja Apartheid Social... A discriminação
nunca muda, ela apenas toma forma diversa e se multiplicam na sociedade moderna
e mórbida...
Em minha última entrevista... Uma
na Equatorial Energia e a outra no Mateus Supermercado.... Aconteceu todas
estas coisas de maneira estupidamente desnecessária e infame... Até o fato de
esta separado e de estar criando sozinho o meu filho de 14 anos de idade, foi
usado pelos recrutadores como desculpa para não me darem uma oportunidade.
Estas pessoas insensíveis, sem empatia, sem altruísmo e sem humanidade, esquecem que não estão julgando apenas um profissional, mais a vida de uma pessoa, a vida de uma criança e o futuro de uma família.... Não se trata apenas de lucro, rentabilidade, posição no mercado e competição.... Existem pessoas que também querem pagar as suas contas, dar uma boa educação a seus filhos, ir no cinema, ir numa praia, viajar, comer uma pizza ou compra um vídeo game ou uma bicicleta para o seu filho quando este te pede.... Então empresas e recrutadores... Tenham mais empatia, altruísmo e menos ganancia.... Tenham mais humanidade e respeito....
Abrantes F. Roosevelt 15 de outubro de 2021
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